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Entrevista a Vanessa Fernandes: “É bom ter um treinador que vê muito mais além do resultado e que vê um jovem que está em construção”

Entrevista a Vanessa Fernandes: “É bom ter um treinador que vê muito mais além do resultado e que vê um jovem que está em construção”
Horacio Villalobos
Medalha de prata em Pequim 2008, Vanessa Fernandes sabe exatamente o que os atletas que vão estar nos Jogos Olímpicos sentem com o avançar do calendário. Em entrevista à Tribuna Expresso, a histórica triatleta falou sobre a sua modalidade, os erros do passado, no quanto gostaria de competir hoje em dia, numa época em que a saúde mental não é tabu, e ainda sobre Vasco Vilaça, uma das grandes esperanças de Portugal para atacar medalhas em Paris, no próximo verão. Aos 38 anos, Vanessa Fernandes está a estudar e confessa que gosta da ideia de ser mentora de atletas ou até de famílias de atletas

Como é que vê o triatlo hoje em dia?
Eu não tenho estado muito por dentro do triatlo. A nível internacional, em vários aspetos, as coisas estão muito melhores. Condições, patrocinadores e parceiros são muito maiores. Há muito mais iniciativas. Há cada vez mais um awareness da questão da saúde mental, uma melhoria para os atletas estarem cada vez melhores e não só a nível físico, mas também a nível das suas próprias vidas. Há uma evolução nesse aspeto, contudo, em Portugal, se calhar ainda não temos o trabalho necessário para criar uma condição em que os pais confiem em dizer que o triatlo pode ser uma opção de vida para os seus filhos. Lá está, ouve-se tanta coisa sobre a alta competição, criam-se tantos medos e expectativas que por vezes acaba por ser duvidoso para os próprios pais deixarem que o triatlo seja uma escolha para os filhos, o que entendo completamente. Esta parte entre a escola e o desporto está cada vez mais sintonizada, mas acho que há ainda um grande trabalho a fazer nesse aspeto. Sinto que ainda não existe uma ligação normal entre o desporto ser uma opção de vida como é ser médico, advogado ou assim. Realmente, ainda não existe uma estrutura mais séria e montada, em que existe um real apoio para os jovens, para estarem a trabalhar nesse sentido.

Pessoas do triatlo disseram-me que querem acabar com aquele mito de que é apenas para super-heróis.
Exatamente. Não é de todo, é para toda a gente que gosta, que quer experienciar e fazer. Os Estados Unidos têm realmente uma dinâmica muito bonita em relação às universidades e ao desporto. Complementam-se. Também têm os seus problemas. Estou a dizer apenas que, sim, vê-se o triatlo como uma coisa para… jesus… não. É um desporto em que há pessoas que estão mais predispostas para fazê-lo e outras não, mas qualquer desporto tem o seu grau de dificuldade, que não é para todos. Tal como medicina não é para todos, o jornalismo, o que for. Essa visão tem de ser desfeita.

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