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Luke Littler entrou num pub com oito anos. E entre omeletes, pizzas e kebabs, tornou-se no ícone do selvagem mundo dos dardos

Luke Littler entrou num pub com oito anos. E entre omeletes, pizzas e kebabs, tornou-se no ícone do selvagem mundo dos dardos
Tom Dulat/Getty
O inglês saltou para a ribalta ao ser, com apenas 16 anos, vice-campeão mundial de dardos. Fenómeno de precocidade, trouxe mediatismo para uma modalidade “muito ligada à cultura de pub”, com “muito cântico e bebida”, explica, à Tribuna Expresso, Luís Ameixa, campeão nacional de individuais
Luke Littler entrou num pub com oito anos. E entre omeletes, pizzas e kebabs, tornou-se no ícone do selvagem mundo dos dardos

Pedro Barata

Jornalista

O bater regular das setas que voam das mãos dos jogadores rumo ao alvo soa a tambores de guerra, quase como se o som da colisão desse uma banda sonora bélica à sala. Duas pessoas, de pé, a 2,36 metros do objetivo, vão lançando, à vez, dardos na direção do objetivo enquanto, ao seu redor, monta-se um pequeno caos.

O recinto do Campeonato do Mundo de dardos é uma espécie de pub gigante. Há mesas com espetadores ruidosos, gente que torna o espaço num sítio de cânticos variados, com disfarces vindos de um desfile de carnaval. Há publicidade a apostas, o motor financeiro de tudo isto, e álcool, muito álcool, servido a quem vai vibrando com cada lançamento.

De tempos a tempos, há uma explosão, um rugir de euforia por uma proeza de um jogador, louvores à perícia de uns e à pontaria de outros. Neste cacharolete de ruído e festas, de bebida e apostas, neste pub gigante que acolhe uma competição desportiva, ninguém despertou tantas paixões, nos últimos dias, como Luke Littler, o adolescente inglês que praticamente nasceu neste pequeno caos.

Com um ano e meio atirou as primeiras setas. Aos oito anos começou a frequentar um pub, onde ia “quatro ou cinco meses vezes por semana”, confessa. Lá aperfeiçoou a arte de lançar o pequeno objeto de metal rumo a um alvo, bebendo do caldeirão cultural que marca este jogo tão britânico. Os cheiros, o convívio, a festa.

Aos 11 anos já derrotava adversários no escalão sub-21. A pandemia apanhou-o aos 13, período que aproveitou para fechar-se no quarto e treinar. Treinar e treinar.

Desse refúgio saiu a arte que lhe permitiu, a 20 de dezembro, tornar-se, aos 16 anos, no mais novo de sempre a vencer uma ronda no Mundial de dardos. O triunfo foi o primeiro de vários rumo à final, na qual foi derrotado, por 7-4, por Luke Humphries, também inglês, 12 voltas ao sol mais velho.

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