Exclusivo

Modalidades

Quem não conhece o curling, que atire a primeira pedra: quase 500 anos depois e graças à diáspora, o xadrez no gelo cresce em Portugal

Quem não conhece o curling, que atire a primeira pedra: quase 500 anos depois e graças à diáspora, o xadrez no gelo cresce em Portugal
CHRISTIAN BEUTLER/Lusa

Com forte influência da população portuguesa no estrangeiro, o curling tem-se desenvolvido no eixo Covilhã-Canadá-Luxemburgo-Suíça. O desejo é captar cada vez mais praticantes, mas só é possível praticar a modalidade nas Penhas da Saúde, no alto da Serra da Estrela, numa pista sem medidas oficiais. Grande parte dos que levam a modalidade mais a sério e representam o país em competições internacionais (este domingo houve a final dos World Championships) estão em solo canadiano, onde se vai realizar uma Taça de Portugal de duplas mistas

Uma pista de gelo, uma pedra arredondada com uma pega colada no topo, uma pessoa a deslizar sobre o gelo com ela até a largar e, à medida que se afasta, gritar instruções a quem acompanha a pedra ao longo da sua viagem, patinando e esfregando a superfície gelada para acomodar o seu itinerário. É a descrição possível do que, no domingo, aconteceu em Schaffhausen, na Suíça, onde os suecos venceram os canadianos, ambas terras que o inverno cobre de neve no inverno, na final dos Curling World Championships.

Há gritos, instrumentos que parecem vassouras e uns sapatos que não são patins mas que também servem o propósito de escorregar controladamente no gelo. O curling, por defeito, é modalidade associada ao frio. Há pouco tempo, contudo, começou a chegar ao calor.

A Federação Mundial de Curling remete a origem da modalidade para o século XVI, na Escócia, referindo-se a ela como “um dos desportos de equipa mais antigos do mundo”. Quase 500 anos depois, a moda ainda não tinha chegado a Portugal. No fim de contas, o clima mediterrânico pode ser uma vantagem para muitas coisas, mas não para algo que exija uma pista de gelo de cerca de 45 metros.

Uma das regiões portuguesas com mais tradição ao nível das temperaturas baixas é a Serra da Estrela. É lá que está instalado o único local do país onde é possível praticar curling. “Temos uma pista de gelo nas Penhas da Saúde”, explica João Cardoso, o responsável pela modalidade dentro da Federação Portuguesa de Desportos de Inverno. “Essa pista não tem dimensões oficiais, mas é suficiente para que consigamos fazer a introdução à modalidade e à técnica de lançamento”.

O curling dá nas vistas pelas veementes vassouradas que dois dos quatro elementos de cada equipa realizam sobre o gelo para reduzir o atrito e aumentar a velocidade da pedra que desliza. O objetivo é que aquele pedaço de granito polido, proveniente da pequena e inabitada ilha escocesa de Ailsa Craig, deslize até ao centro do alvo e por lá permaneça até ao fim da ronda. Ao fim dos oito lançamentos (pelos quais é composta cada ronda, dois por jogador), soma pontos a equipa que tiver a pedra mais próxima do sempre o alvo. No fim das dez rondas, ganha quem tiver mais pontos.

Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: fsmartins@expresso.impresa.pt