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Contratos milionários, camisolas esgotadas e recordes de audiência: ser mulher no desporto não vai ser o mesmo depois de Caitlin Clark

Caitlin Clark na noite do Draft da WNBA onde foi escolhida com a pick #1 pelas Indiana Fever
Caitlin Clark na noite do Draft da WNBA onde foi escolhida com a pick #1 pelas Indiana Fever
Sarah Stier

Ainda era jogadora universitária e já equipas da WNBA estavam a anunciar que iam receber os jogos contra Caitlin Clark em pavilhões com maior capacidade. Com apenas 22 anos, fez os americanos preferirem ver basquetebol feminino do que masculino. No dia em que entrou na WNBA, as camisolas das Indiana Fever com o seu nome esgotaram. Entretanto, desencadeou uma luta entre marcas antes de assinar um contrato milionário com a Nike. Os benefícios não são só para ela. “Abre-se um mundo de novas possibilidades para o basquetebol feminino”, diz a jogadora portuguesa Ana Barreto

Nem Caitlin Clark se deve lembrar dos momentos em que lhe foi possível gozar o anonimato. A prática de basquetebol em modo de arte performativa mereceu-lhe uma atenção mediática nunca possuída por qualquer mulher que se tenha dedicado a este desporto desde o Big Bang. A vantagem de ser pioneira é que a partir daqui é ela que dita as regras.

O entusiasmo atingiu níveis descontrolados quando Caitlin Clark se tornou na jogadora com mais pontos marcados no basquetebol universitário (feminino e masculino) e levou a Universidade de Iowa à final do March Madness contra South Carolina. Se a história teve um final feliz? Não. Iowa perdeu o título nacional, mas, graças a Caitlin Clark, uma média de 18,7 milhões de pessoas espreitou aquele duelo pela televisão.

South Carolina alcançou o título depois de uma temporada sem qualquer derrota. Uma das primeiras coisas que Dawn Staley, uma das mais consagradas treinadoras do basquetebol universitário, fez depois de se ter sagrado campeã foi dirigir-se à adversária. “Quero agradecer pessoalmente à Caitlin Clark por ter elevado o nosso desporto. Ela carrega uma grande responsabilidade e isso não vai acabar aqui no college. Ela vai ser a escolha número um do draft da WNBA [a liga norte-americana de basquetebol feminino] e vai elevar a liga também. Caitlin Clark, se estiveres por aí, és uma das melhores de sempre do nosso jogo”.

É sequer lógico receber tal condecoração aos 22 anos quando a carreira profissional ainda não começou?

“Uma jogadora pode mobilizar tanta ou ainda mais audiência para a modalidade do que o basquetebol masculino”. De facto, como recorda Ana Barreto à Tribuna Expresso, a final feminina teve mais 3,9 milhões de pessoas a assistir do que a final dos rapazes. A internacional jovem portuguesa disputou também, nos últimos dois anos, o campeonato universitário dos Estados Unidos ao serviço de Ball State, experiência que permitiu à jogadora de 20 anos constatar o rasto de desenvolvimento da modalidade. “Na minha universidade este ano batemos todos os recordes de assistências. Tivemos várias vezes mais de 5.000 pessoas a assistir aos nossos jogos e conseguimos pela primeira vez ter dois jogos transmitidos em canal aberto da televisão dos Estados Unidos”.

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