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Fechar com chave de prata um dia histórico: Fernando Pimenta é vice-campeão do mundo de K1 5.000 metros

Fechar com chave de prata um dia histórico: Fernando Pimenta é vice-campeão do mundo de K1 5.000 metros
OLIVIER MORIN

Nos Mundiais de distâncias não olímpicas no Uzbequistão, Portugal ganhou, num só dia, cinco medalhas. A última delas foi da lenda da canoagem, capaz de subir ao pódio três vezes em poucas horas, ajudando a sarar as feridas de Paris 2024

Fechar com chave de prata um dia histórico: Fernando Pimenta é vice-campeão do mundo de K1 5.000 metros

Pedro Barata

Jornalista

Se é preciso fazer mais, Fernando Pimenta faz. Se é preciso ir mais longe, Fernando Pimenta vai. Se é preciso reerguer-se depois das lágrimas dos Jogos Olímpicos de Paris, Fernando Pimenta fá-lo.

Ganhar 145 medalhas internacionais não chega. Ganhar 146 ou 147 também não. Vencer duas medalhas no mesmo dia sabe a pouco. É preciso mais.

No Uzbequistão, no Mundial de distâncias não olímpicas, Fernando Pimenta rematou um dia histórico para ele e para a canoagem nacional: após quatro medalhas virem para Portugal, duas delas com o carimbo da lenda das pagaias, o último ato deste dia teve o selo de Pimenta, que se sagrou vice-campeão do mundo de K1 5.000 metros.

O K1 5.000 metros é uma longa maratona. Largos minutos de esforço solitário, bem diferente dos esforços explosivos das especialidades mais curtas, que são como um sprint prolongado.

Nestes 5 quilómetros a pagaiar, não há só ação dentro de água. Os atletas têm de fazer transições, saindo da água em portagens, percorrendo alguns metros a pé, com a embarcação na mão, para depois regressar à água. Essas portagens são segundos caóticos, de nervos e tensão, um momento em que se tenta equilibrar a velocidade para sair e entrar na água com a calma para não cometer erros.

O dinamarquês Mads Pedersen mostrou, desde cedo, estar muito bem fisicamente. A meio da prova, Pedersen acelerou, num ataque vigoroso e decidido, o qual lhe deu boa margem para gerir o resto do percurso. Pimenta ficou atrás do homem que viria a vencer, mantendo até final uma luta com o sueco Joakim Lindberg pela prata. Nos metros finais, o 2.º lugar foi para Fernando Pimenta, com o ouro para o dinamarquês e o bronze para o sueco Joakim Lindberg.

Assim, Portugal sai com seis medalhas destes Mundiais de distâncias não olímpicas.

Em Samarcanda, este último pódio de Pimenta junta-se aos logrados por Teresa Portela e Messias Baptista, ouro em K2 500 metros misto, este ainda no sábado, e à mão-cheia de êxitos de domingo: Messias Baptista foi campeão do mundo de K1 200 metros, Fernando Pimenta foi vice-campeão em K1 500 metros, Teresa Portela e Francisca Laia chegaram à prata em K2 200 metros e o quarteto de K4 500 metros, composto por Portela, Laia, Pimenta e Baptista, foi bronze, antes deste remate final por parte do limiano.

Depois do sabor amargo de Paris 2024, em que a canoagem portuguesa voltou a mostrar a sua competitividade, mas não conseguiu as medalhas que Pimenta e a dupla Baptista-Ribeiro desejavam, esta ida ao distante Uzbequistão sabe, assim, a redenção, a consolo, provando que a gente das pagaias continuará a trazer medalhas para Portugal.

Logo depois da desilusão olímpica, Pimenta colocou o olhar nestes Mundiais. O seu ciclo sem fim tem esta natureza inevitável, eterna, uma sucessão de dias e meses e medalhas e pódios. A noite segue-se ao dia, um êxito é substituído por outro. Parece não haver descanso nesta busca de Fernando. Se é preciso mais, ele faz. Sarar as feridas de Paris 2024? A única forma que a lenda da canoagem conhece para o fazer é ganhando medalhas, culminando um 25 de agosto cheio delas para Portugal.

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