Assim que ouviu o announcer Joe Martinez dizer o seu nome para o microfone, Jacqueline Cavalcanti soltou um sonoro “foda-se” no octógono do Apex Center do UFC, em Las Vegas, a capital do entretenimento dos Estados Unidos da América, fundada por um gangster com vistas largas, Bugsy Siegel. .
A lutadora portuguesa tinha acabado de vencer por “split decision” (decisão dividida dos três juízes) a brasileira Josiane Nunes e conseguiu a segunda vitória em duas lutas no UFC, a mais importante organização de desportos de combate do mundo. “Ela é um tanque”, disse a portuguesa que teve de se bater contra uma adversária muito agressiva que procurou superar a desvantagem do alcance (Cavalcanti é mais alta, Nunes mais robusta) com muita combatividade.
Na tradicional entrevista no fim do combate, Jacqueline, a primeira portuguesa a conseguir entrar no UFC, anunciou com alguma bravata: “Sou a Jacqueline Cavalcanti estou aqui para ser campeã”.
A lutadora teve o primeiro combate nesta organização em setembro do ano passado, mas passou por um período complicado com uma lesão grave que a afastou dos treinos. “Cheguei a engordar vinte quilos”, disse numa entrevista já fora do octógono. Agora diz que está pronta para mais uma luta “nas próximas semanas”. Está com o peso ideal para a sua altura: 61 quilos distribuídos por 1,73 metros. Uma peso galo perfeita.
Jacqueline é a primeira mulher portuguesa a conseguir entrar no reino sagrado dos desportos de combate, mas nos homens há mais um português ainda no card: Manuel Kape, que nasceu em Angola, mas naturalizou-se e diz que é um “rapaz de Rio Tinto”.
Jacqueline nasceu no Brasil, mas emigrou para Portugal com a mãe aos onze anos. Foi viver para o Pragal, na margem sul do Tejo, onde começou a treinar Taekwondo e mais tarde kickboxing. Chegou a campeã de artes marciais mistas (modalidade que combina vários estilos de luta conhecida como MMA) na LFA, uma outra organização e tem no cartel profissional sete vitórias e uma derrota. Há cinco lutas que não é derrotada.
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