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Portugal, calor. Hóquei no gelo, frio? Sim, mas há uma equipa no Porto que vai jogar na nova Liga Ibérica (com muitos jogadores da Letónia)

Portugal, calor. Hóquei no gelo, frio? Sim, mas há uma equipa no Porto que vai jogar na nova Liga Ibérica (com muitos jogadores da Letónia)
RFEDH / Oriol Rubio

O HC Porto vai competir na primeira edição da Liga Ibérica de hóquei no gelo ao lado de equipas espanholas. Por agora, devido à inexistência de infraestruturas com dimensão adequada em Portugal, a equipa vai realizar os jogos numa casa emprestada, em Madrid

A neve não seria aclamada com generalizado festim se as suas aparições fossem banais. Em Portugal, a modesta comparência de alguns flocos é congratulada com honras de rei de manto branco. É uma visita monárquica com poucos locais de passagem. Ainda assim, onde quer que esta chegue, o povo sai à rua para registar a alvura da sua presença.

O frio extremo não é uma tradição com raízes neste país, desvantagem lamentada por quem, na loucura, se aventura nas modalidades de inverno. É querer fazer uma omelete sem ovos. Nada que não se resolva. Setembro anuncia o fim do verão e traz a chegada da primeira Liga Ibérica de hóquei no gelo, onde vai participar o HC Porto.

“Estamos a fazer história”, disse Pedro Flávio, presidente da Federação de Desportos de Inverno de Portugal, no anúncio da competição realizado esta quinta-feira, em Madrid. “É um passo gigante no desenvolvimento do hóquei no gelo na Península Ibérica.”

A Liga Ibérica estreia-se no fim de semana de 21 e 22 de setembro e o HC Porto é o único clube português entre um total de sete equipas que vão lutar pelo troféu. Na verdade, já na temporada passada a equipa nortenha tinha sido integrada no campeonato espanhol, mas sem ter possibilidade de chegar aos play-offs nem de competir pelo título. O novo formato da competição contempla que a equipa que termine em primeiro lugar ao fim das 21 jornadas se sagre campeã ibérica.

O presidente da FDIP espera que se gere um “crescente interesse” na modalidade e que este se materialize na possibilidade de “atrair mais atletas, clubes e público” numa dinâmica que incentive “a criação de novos talentos”. Pedro Flávio refere que o protocolo que levou à criação da Liga Ibérica se inclui na “estratégia de crescimento de clubes e modalidades” do organismo que comanda.

Portugal tem apenas uma pista de gelo situada na Covilhã, mas que não tem as medidas adequadas. Por agora, o HC Porto vai receber as equipas espanholas em Madrid enquanto não está finalizado o rinque que o clube, por conta própria, está a construir na Trofa. João Farromba, um dos dois jogadores portugueses do HC Porto, maioritariamente constituído por letões, espera que a modalidade evolua “muito mais a partir do momento em que criarmos infraestruturas”.

Em Portugal, o hóquei no gelo é uma realidade ínfima: existem seis clubes e apenas entre 70 e 80 atletas a praticar a modalidade.

Frank González, o presidente da Real Federação Espanhola de Desportos de Inverno, afirmou que “a incorporação do HC Porto foi muito boa” para a prova. O dirigente anunciou também que, no futuro, a Liga Ibérica vai passar a contra também com representação vinda de Andorra e da Suécia.

*a Tribuna Expresso viajou até Madrid a convite da Federação de Desportos de Inverno.

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