Exclusivo

Modalidades

“Não tenho que meter 20 stories por dia para ganhar umas meias como os atletas em Portugal”: entrevista a José Cabeça, esquiador olímpico

“Não tenho que meter 20 stories por dia para ganhar umas meias como os atletas em Portugal”: entrevista a José Cabeça, esquiador olímpico
FDI-Portugal

Representou Portugal nos Jogos Olímpicos de Inverno 2022 e quer repetir a presença em 2026. Há esperança de que José Cabeça seja um dos elementos da comitiva nacional no certame que se realiza daqui a um ano em Milão e Cortina d'Ampezzo. Natural de Évora, emigrou para o Dubai, onde encontrou o patrocinador que lhe alavanca a carreira. E está no frio norueguês a preparar-se para competir na modalidade na qual só se especializou no ano passado

Estava a andar de bicicleta no Dubai quando um táxi desvairado iniciou uma trajetória imprevisível que abalroou José Cabeça. O joelho ficou partido e a época de triatlo comprometida. A lesão foi o gancho necessário para passar a dedicar menos tempo à modalidade multidisciplinar (ou dos indecisos sem capacidade para escolherem entre a natação, o ciclismo e a corrida) e tornar-se especialista em esqui de fundo.

José Cabeça usou pela primeira vez as tábuas oblongas em janeiro de 2020 e decidiu que era calçado dessa forma que queria ir aos Jogos Olímpicos de Inverno 2022. Assim o fez, tendo terminado em 88.º lugar dos 15 quilómetros clássicos. Até ao verão de 2024, durante a época quente, dedicava-se ao triatlo. Quando o frio baixava a bolinha aos termómetros, ia deslizar na neve. Os resultados que colheu no esqui de fundo, com pouco tempo de trabalho, motivaram-no a especializar-se e o próprio patrocinador reforçou os incentivos para que possa, em 2026, regressar aos Jogos Olímpicos de Inverno.

Mesmo que a base do atleta de 28 anos, natural de Évora, seja o Dubai, para onde emigrou com o intuito de ser personal trainer, vai passar uma longa temporada na Noruega tendo em vista o apuramento para a competição que arranca a 6 de fevereiro do próximo ano nas cidades italianas de Milão e Cortina d'Ampezzo. Se há alguém com quem tem lógica fazer sala a conversar sobre o tempo é com um José Cabeça.

Está fresquinho na Noruega?

Está fresquinho, mas o tempo não está lá a grande charuto. Tem estado muito instável. Para a neve, não é o melhor.

Os teus padrões são diferentes. O que é bom tempo para ti, não é bom tempo para a maioria das pessoas.
Também costumava não ser para mim. Agora já é mais habitual.

Quando te aventuraste no esqui de fundo, tinhas como grande objetivo chegar aos Jogos Olímpicos de Inverno 2022, mas creio que não te importarias de repetir a experiência em 2026, não é?
Eu espero melhorar bastante a experiência. Quando comecei, em 2020, fi-lo com o intuito de ir aos Jogos Olímpicos. Tive a sorte de conseguir. Nos Jogos Olímpicos já vai ser diferente. O que eu fiz em 2022 foi impressionante pelo facto de ter tido tão pouco tempo.

Agora colocas a faquia mais alta?
Acredito que... não acredito, tenho a certeza absoluta que estou muito mais acima do que qualquer pessoa imaginava antes. Por isso, estou contente com a evolução.

Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: fsmartins@expresso.impresa.pt