Há diferenças imensuráveis. Podia-se descrever a vantagem que os húngaros Levente Kurucz e Bence Nádas conseguiram perante João Ribeiro e Messias Baptista como “um abrir e piscar de olhos”. No entanto, em 16 centésimos de segundo talvez as vistas não sejam capazes de abrir e fechar as persianas.
Foi por muito pouco que os marujos portugueses não superaram os magiares. É ilusão pensar que o K2 500 é uma mera prova de explosão. Quem vacilar na gestão no esforço será sempre prejudicado. Com uma agravante: é preciso mudar de velocidade em sintonia com o colega.
A João Ribeiro e Messias Baptista faltaram forças na ponta final. A energia que gastaram para chegar à liderança da prova enquanto a mesma ia a meio não esteve presente nos metros onde se dá a machadada final.
A tripulação nacional ficou-se assim pela prata, ajudando o medalheiro de Portugal nos Mundiais de Milão a crescer. Antes, João Ribeiro e Messias Baptista já se tinham sagrado campeões em K4 500, em conjunto com Gustavo Gonçalves e Pedro Casinha. Fernando Pimenta doou um bronze em K1 1000 para estas contas.
“Não conseguia dar nem mais uma remada”, admitiu Messias Baptista à RTP. Foi uma “estratégia normal” a de colocarem especial empenho na parte inicial da prova. “Até me sinto mal a dizer isto, mas a prata parece que sabe a pouco. É um bocado triste.”
João Ribeiro ainda tem traumas com os Jogos Olímpicos de 2024, onde a dupla terminou em sexto lugar em K2 500. “Ainda hoje não consigo ouvir a música de Paris.” O objetivo em Milão era revalidar o título que conquistaram em 2023. Saem “desiludidos”, mas com vontade de “lutar” por mais vitórias. “Há dois anos fomos campeões do mundo. O ano passado foi muito complicado, falhámos o principal objetivo em Paris. Vínhamos aqui com um sentimento de vingança. Merecíamos ganhar, mas há um ciclo olímpico pela frente. Vamos lutar.”
“O futuro parece promissor”, rematou Messias. No primeiro ano do ciclo olímpico, há muita água para remar.
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