Passou tempo quase nenhum desde setembro, quando Rita Azinheira, a ter de teclar palavras no filtro da emoção, escreveu que “nem conseguia” explicar o que estava a sentir, acabada de ser bicampeã da Europa júnior em patinagem artística. “Por trás desta conquista está muito mais do que se vê numa fotografia ou numa medalha: estão horas de treino, disciplina diária, momentos de esforço silencioso e a alegria de sentir que cada gota de dedicação”, desabafou, no Instagram, juntado várias fotografias e um vídeo seu a cantar o hino nacional, no cume do pódio.
Esta terça-feira, cerca de mês e meio depois, à falta ainda de uma reação sua nas redes sociais, a mensagem não divergiu muito do inexplicável e da incredulidade.
“Nem consigo acreditar que sou campeã do mundo”, disse a patinadora, de 17 anos, que bem pode crer na superioridade exibida em mais uma montra de competição: em Pequim, capital da China, conquistou a medalha de ouro na prova livre de patinagem artística, juntando-a às duas que já vencera, de seguida, nos Campeonatos da Europa júnior. “É tão fácil dizer, mas sou realmente campeã do mundo”, disse a atleta, citada pela Federação Portuguesa de Patinagem, após “toda uma vida a trabalhar para chegar ao campeonato mais importante”.
A adolescente calça os patins, em Portugal, onde já foi duas vezes campeã nacional, pela Sociedade Recreativa da Várzea de Sintra.
Na pista chinesa esteve a disputar o seu primeiro Campeonato do Mundo. Era “toda uma nova experiência” e logo “contra atletas mais velhas”, realçou à Associação de Treinadores de Patinagem Artística, ainda equipada e já vitoriosa. “Tenho muitas coisas a melhorar, mas, quando faço as coisas ponto a ponto, e com garra até ao fim, sei que compensa sempre”, analisou com uma frieza além da sua idade, antes de deixar um conselho: “Ouçam sempre os vossos treinadores, muitas vezes pode parecer que estão só a chatear-vos, ou a implicar, mas querem muito o vosso bem.”
Rita Azinheira terminou a competição com um total de 182,38 pontos no acumulado dos programas curto e longo, à frente da italiana Martina Stefani (179,83) e da espanhola Paula Roman Martí (172,16). Houve outra patinadora portuguesa entre o top 10: Rita Afonso (129,44), que ficou na 9.ª posição.
Na prova masculina, João Pedro Cruz conquistou a medalha de bronze, com 219,73 pontos, seguido pelo 5.º lugar de Martim Rodrigues, com 154,78. Os dois primeiros lugares do pódio foram ocupados por patinadores espanhóis, com Guillermo Gomez (261,02) a sagrar-se campeão, à frente de Unai Cereijo García (234,77).
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: dpombo@expresso.impresa.pt