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A imparável Joana Santos é tricampeã surdolímpica de judo

A imparável Joana Santos é tricampeã surdolímpica de judo

A judoca de Faro que já foi campeã do mundo conquistou, este sábado, mais um ouro em Jogos Surdolímpicos. Aos 35 anos, a designer de comunicação, mãe de dois filhos e que começou por praticar ballet, voltou a dominar a categoria -57 quilos na maior competição desportiva onde venceu a quinta medalha da sua carreira

Joana Santos conquistou, este domingo, a medalha de ouro na categoria -57 kg dos Jogos Surdolímpicos de 2025, que decorrem até 26 de novembro, em Tóquio, revalidando o título conseguido há três anos em Caxias do Sul, no Brasil.

Joana Santos, de 35 anos, garantiu o ouro ao vencer na final a turca Buse Tiras, no golden score, após derrotar nas ‘meias’ a venezuelana Mayerlyn Barreto Rodrigues, e nos quartos de final a sul-coreana Eujni Seo, por ippon.

A judoca algarvia, que revalidou o ouro conseguindo na mesma categoria nos Jogos Surdolímpicos Caxias do Sul2021 (disputados em 2022 devido à pandemia de covid-19), passa assim a somar cinco medalhas na competição, cuja primeira edição decorreu em 1924. Foi a terceira vez que ganha a melhor das medalhas: a primeira aconteceu em 2009, embora noutra categoria de peso.

E pensar que em criança se começou por dedicar ao ballet, ainda experimentou o karaté e outras artes marciais antes de chegar ao judo, como contou, há três anos, quando a Tribuna Expresso foi em reportagem conhecer a sua história e as pistas que já emanava: era campeã mundial, queria ir atrás do ouro olímpico. Entretanto, conquistou dois.

Na categoria -63 kg, Joana Santos foi medalha de ouro em Taipé2009, prata em Sófia2013 e bronze em Samsun2017. Sempre com o mesmo treinador, Júlio Marcelino, que ladeia há mais de duas décadas a carreira da judoca que também se dedicou aos estudos: é formada em design de comunicação.

Cada movimento, cada pega, é fruto de dedicação, de imensurável capacidade de superação e da força de quem a acompanha: a família, os filhos, os treinadores Júlio Marcelino e Delfim Martins, das suas parceiras de treino Isabelle Macedo e Mariana Lot e de todos que acreditam nela, escreveu o Comité Paralímpico de Portugal nas redes sociais, ao congratular a atleta pela sua conquista.

“A Joana sabe o que quer e sabe ao que vai”, avisava o treinador Júlio Marcelino, em 2022, à Tribuna Expresso. “Quer sacar uma medalha nos Surdolímpicos. A experiência dela é longa e ela sabe perfeitamente que é necessário sofrer.” As palavras já vaticinavam o que aí vinha.

“Eu comecei com 9 anos, não havia telemóveis, nada. Eu ficava em casa sem fazer nada, por isso é que comecei a fazer desporto. Gostava de influenciar outros, mas hoje em dia existe uma série de distrações”, recordou a judoca na mesma reportagem, admitindo que uma das suas ambições era inspirar e motivar a comunidade surda a dedicar-se ao desporto.

A medalha de Joana Santos é a 18ª conseguida em Jogos Surdolímpicos por Portugal, que soma em Tóquio a sua nona participação no evento.

Nos Jogos Surdolímpicos Tóquio2025, que juntam cerca de 3.000 atletas com deficiência auditiva, Portugal conta com 13 participantes, que competem em cinco modalidades: atletismo, ciclismo, judo, natação e tiro.

Noutra publicação que dedicou à atleta, o Comité Paralímpico de Portugal acrescentou: A história escreveu-se hoje em Tóquio. A 5ª medalha noutros tantos jogos, a 3.ª de ouro! Com garra, com alma e com um coração que nunca tremeu. (...) Uma medalha de ouro que honra o trabalho, o sacrifício, as quedas, as superações e... o amor pelos seus dois filhos, a força maior por trás de cada ippon. Hoje, Portugal é mais gigante.

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