Nuno Sousa Guedes não sabe precisar o quando, nem o como. Tinha uns tios, irmãos do pai, que jogaram râguebi e cantarolavam-lhe sonetos ao ouvido, o isco da melodia existia, eles “puxavam”, queriam o melhor das maravilhas da oval para o sobrinho e o rapaz, nada. Só quando viu uns corpanzis na televisão, tinha já 13 anos, com camisolas vermelhas a irem contra escoceses, neozelandeses, italianos e romenos, é que escutou todo o falatório e efervesceu na novidade. Esse “boom deu vontade maior”. Era setembro de 2007 e Portugal jogava o seu primeiro Mundial da história. Em janeiro, Nuno entrou “logo para o râguebi”.
Ele é a prole de um feito, um dos filhos da proeza. Não é a expressão que lhe sai quando está sentado num banco, em estúdio, na mira de câmara, com calças e calçado à civil mas a camisola da seleção no tronco, a que irá vestir para jogar no Campeonato do Mundo dali por uns meses. “Fui um daqueles que o Mundial trouxe para o râguebi”, diz e sorri. Horas antes, com o traseiro no mesmo assento, estivera o seu “pai do râguebi” ou “um irmão mais velho”. Nuno Sousa Guedes batiza Pedro Leal de duas maneiras que acabam por ser três, porque “o ‘Pipoca’ é uma lenda” para ele. Indo-lhe buscar a alcunha, afinal são quatro as manifestações de carinho.
Nuno tem 29 anos e Pedro mais 10, há uma geração no meio deles embora não a separá-los, houve tempo para jogarem juntos no Grupo Desportivo Direito e na seleção de sevens. “Éramos da mesma posição”, saúda o menor em idade, sem mencionar a igual semelhança no râguebi de 15 que perfaz a coincidência: há década e meia, o mais velho foi o defesa (arrière) de Portugal em três das quatro partidas do Mundial e muito provavelmente o mais novo ocupará esse lugar nos jogos que aí vêm no regresso da seleção ao torneio. E há uma concordância para servir de acompanhamento ao paralelismo já feito.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: dpombo@expresso.impresa.pt