Mundial 2018

Hierro: "Não há tempo para mudanças antes do jogo com Portugal e precisamos do carinho de todos. O que posso dizer? Que vamos dar tudo"

Fernando Hierro foi apresentado como selecionador espanhol após a demissão de Julen Lopetegui na manhã desta quarta-feira. O antigo jogador do Real Madrid garante que é impossível fazer alterações táticas em tão pouco tempo e pede para que se fale do futuro e não do passado

Pedro Candeias

Luis Rubiales, presidente da Federação espanhola de futebol, tomou a dianteira da conferência de imprensa, antes de passar a palavra a Fernando Hierro, novo selecionador de Espanha. E isto foi o que ele disse: "Agradeço a vossa presença e tenho de agradecer ao Fernando [Hierro] por ter aceitado o convite nestas condições. Disse que queria mexer o menos possível nas coisas e foi o que fizemos. Falámos com os futebolistas e o Hierro teve uma conversa muito emotiva com os jogadores. Não tenho muito mais a dizer. Fernando, obrigado".

Horas antes, Rubiales demitira Lopetegui do cargo de selecionador por este ter assinado com o Real Madrid enquanto a Espanha se encontra a disputar o Mundial. Para o lugar do antigo treinador do FC Porto, a Federação escolheu a antiga glória do Real Madrid Fernando Hierro, que deixa o lugar de diretor-desportivo desta seleção e assume uma das formações mais poderosas do Mundial. Contra ele, o currículo: tem uma passagem fugaz ao comando de uma equipa - o Oviedo, na II Liga.

O que se segue é a longa conferência de imprensa, durante a qual Hierro respondeu com tranquilidade e eloquência, não renegando o passado de Lopetegui e afirmando que este não é o tempo de muitas mudanças.

Porque aceitou?
É um desafio bonito e apaixonante. Aceito esta responsabilidade com valentia. Temos um grupo de jogadores que trabalharam para este Mundial. A ambição deste grupo é enorme. Quero agradecer e reconhecer o trabalho de Julen Lopetegui.

O que pode mudar frente a Portugal?
Não se pode mexer em coisas que levam um ano de trabalho. Não há muito tempo, obviamente. Temos de ser inteligentes e coerentes, e saber que, contra Portugal, nmão temos grandes coisas para mudar. Não dá para mudar nada em dois dias. É um grupo de trabalho fantástico.

Qual o ambiente no balneário?
Amanhã chegam o adjunto e o preparador físico aqui à Rússia. Isto não é justificação para eventuais maus resultados. Temos uma grande oportunidade aqui, vamos lutar pelo Mundial e há que manter o foco na competição. Sim, manter o foco. Assumimos a nossa responsabilidade.

Continua como selecionador?
Não penso noutra coisa que não neste Mundial e em fazer bem as coisas.

Sente-se traído por Lopetegui?
Sinceramente, quero pensar no futuro e não estar a pensar no passado. O que ficou lá atrás não é importante. Isto é um desafio importante e não quero estar dois, três dias a falar da mesma coisa. Estamos aqui para competir. Eu só tenho de enfrentar a realidade e decidi muito rapidamente aceitar o convite do presidente. Não podia dizer que não.

A Espanha pode fazer ainda assim um grande Mundial?
Os jogadores são muito profissionais e bons de bola. Não tenhamos dúvidas nem duvidem deles.

Falou com Lopetegui depois de ter aceitado o desafio?
Tive uma conversa de amigos com ele. Falei e estive com ele, evidentemente, depois de ter tomado a decisão. É necessário ter maturidade.

Onde está a chave para mudar isto?
A chave é continuar igual e mudar o mínimo possível. Temos de enfrentar isto com responsabilidade. Temos três jogos para disputar e passar à próxima fase para continuarmos no Mundial. É esse o objetivo que temos de fazer.

Como é que estão os jogadores?
Não mudaram nada e vão dar uma boa resposta. Isto continua igual.

Tomou-se a decisão correta ao demitir Lopetegui?
O presidente tomou a decisão e temos de ser positivos. Não quero falar sempre da mesma coisa, do passado. Sabemos que há opiniões assim e assado, mas, honestamente, não podemos falar do que já é passado. O foco está no jogo de Portugal.

O que disse aos jogadores?
Eles estão acostumados a mudanças. E a única coisa que lhes posso dizer é que vamos tentar, que vamos dar tudo, que é preciso estar no máximo para enfrentar a fase de grupos. Tive um feedback fantástico da parte dos jogadores. Sabem qual a responsabilidade e eles precisam do carinho de toda a gente.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt