Ele é o melhor - e não é apenas pelos golos

Editor
Coordenador Digital
Não queremos, de todo, ser redundantes. A culpa é da sua eminência, a presença cada vez mais omnipresente que tudo o resto se ausenta, o alvo para o qual apontam os planetas quando se alinham na direção de Portugal, é a profecia do xamã quando a seleção nacional portuguesa vai tentar a sorte a jogar futebol.
E quando o jogo é tramado, as circunstâncias difíceis (as mais difíceis para a equipa versão-Fernando Santos até agora) e o contexto desafiante, todas as probabilidades imagináveis dependem sempre, mas sempre, na mesma possibilidade de se concretizarem. Porque, em tantas e tantas vezes, Cristiano Ronaldo é a única hipótese de algo extraordinário suceder nos momentos em que Portugal apenas sobrevive se algo de maravilhoso acontecer.
Uma espécie de milagre, portanto.
Ele marcou três golos à Espanha no primeiro jogo da seleção neste Campeonato do Mundo, como já marcara três golos à Suécia, há cinco anos, no último jogo que Portugal tinha para estar no Mundial anterior. Ou como marcou em outros quarenta e nove jogos desta vida onde Cristiano não respira, nem vive, mas goleia para viver.
Um hat-trick marcado aos espanhóis unidos na equipa que melhor trata e usa a bola no planeta fá-lo-ia o homem do jogo, em qualquer tempo e independentemente do jogo que fosse, e dos outros homens que lá estivessem.
Só que não foi, “só”, o penálti que provocou em cima de Nacho e que depois bateu, o remate de pé esquerdo ao qual De Gea ajudou, com jeitinho, e o livre onde ajeitou a bola e em vez de a bater com a força do costume.
Foi a quase hora, por certo os primeiros 45 minutos inteiros, em que Cristiano não errou. Não tomou uma má decisão que fosse, ou decidiu de uma forma que poderíamos dizer que podia ter sido melhor para quem recebia o passe, para quem se desmarcava, quiçá para quem queria o espaço aberto por uma desmarcação sua. Nada, zero falhas.
Antes, estava no sítio certo, na hora certa, a acertar com os golos habituais. Que é o que sempre interessa. Mas, agora, durante mais de dois terços da duração de um jogo de futebol em que ninguém, simplesmente, é perfeito, ele não fez nada mal.
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