Harry Maguire, o número seis inglês, desbloqueou o Inglaterra-Suécia ao marcar o primeiro golo, num canto
Owen Humphreys - PA Images
A Inglaterra desbloqueou um jogo equilibrado contra a Suécia com uma cabeça de Harry Maguire, na 1ª parte, e outra de Dele Alli, na 2ª (2-0). Agora vai defrontar o vencedor do Croácia-Rússia, nas meias-finais do Mundial 2018, e continuar a manter o sonho de repetir a (única) conquista de 1966
Harry é um jovem inglês como qualquer outro que, enquanto crescia, ia jogando no clube da terra.
Em 2010/11, ainda com 18 anos, estreava-se enquanto sénior pela equipa na qual foi formado, o Sheffield Wednesday. Três anos depois, já com 21 anos, continuava por ali, na League One (o equivalente à 3ª divisão), a somar experiência. Em 2014/15, com a imponência dos seus 194 centímetros, subia na vida: emprestado ao Wigan, passou a jogar no Championship (2ª divisão), ainda que tenha acabado por ver a equipa ser despromovida. Em 2015/16, continuou no Championship, mas com o Hull City, e acabou por subir de divisão, para chegar, finalmente, à Premier League.
Harry tinha 23 anos. E, no verão, decidiu fazer o que qualquer jovem inglês gosta de fazer com os amigos. Não, não foi para Albufeira apanhar sol. Foi para Paris. E para Saint-Étienne. Ou, melhor dizendo, foi para o Euro 2016, com um grupo de amigos, apoiar a seleção inglesa.
Dois anos depois, Harry Maguire marcou o golo que desbloqueou a vitória da Inglaterra sobre a Suécia, nos quartos-de-final do Mundial - com os amigos na bancada a ver, tal como já tinha acontecido nos jogos anteriores, algo que motivou o central do Leicester a repetir a foto que o grupo tinha tirado no Europeu.
É uma daquelas histórias que mexem com o coração de qualquer adepto que se preze - assim como a de Jordan Pickford, o guarda-redes do Everton que foi criticado por Courtois e que salvou a Inglaterra contra a Colômbia e, este sábado, contra a Suécia.
Ainda que não estivesse há muito nuns quartos-de-final de um Mundial, a lógica dizia-nos que a Inglaterra era favorita perante uma Suécia bem organizada e solidária, especialmente defensivamente, mas sem grandes talentos a sobressaírem num 4-4-2 relativamente básico.
Mas isto de saber como uma equipa joga é bem diferente de saber como ultrapassá-la e a verdade é que, na primeira meia-hora, a Inglaterra não fazia ideia de como arranjar soluções para entrar no bloco compacto dos suecos.
Já os suecos, pelo contrário, mantinham-se fiéis às suas ideias mais básicas: livres no meio-campo eram sinónimo de cruzamentos para a área; lançamentos laterais perto da área eram sinónimo de cantos com as mãos; e bola nos pés dos centrais suecos (mesmo que um deles fosse o tudo menos tosco Lindelöf) era sinónimo de chutão para a frente.
YURI CORTEZ
O jogo ia andando, devagarinho, nisto, quando, aos 30 minutos, surgiu o primeiro canto, para a Inglaterra. A mesma Inglaterra que tinha marcado sete dos seus nove golos neste Mundial através de bolas paradas.
Ou seja, os suecos sabiam que eles eram perigosos ali, sabiam que a bola, provavelmente, ia para um dos dois Harry - Kane ou Maguire -, mas a questão era como pará-los. Especialmente quando Gareth Southgate já tinha admitido que as bolas paradas eram um dos pontos em que os ingleses tinham treinado repetidamente - uma estratégia inteligente, tendo em conta que uma prova como esta é curta e os jogadores das mais variadas seleções estão juntos, talvez, duas, três, quatro semanas, e pouco mais, pelo que poderão ter sempre mais dificuldade em defender estes momentos.
Voltando ao canto: Ekdal e Krafth iam defendendo individualmente Maguire e Kane, mas os ingleses juntavam-se todos no topo da área, para criar confusão. Quando a bola foi lançada, Maguire aproximou-se de Sterling, um dos ingleses que é fraco no jogo aéreo e que, por isso, tinha um marcador - Forsberg - que também não é particularmente eficaz nesse momento, pelo que, quando a bola foi para lá, Maguire aproveitou na perfeição o seu 1,94m para cabecear para golo.
Na primeira oportunidade do jogo, os ingleses faziam o 1-0 - o oitavo golo de bola parada, de dez marcados - e finalmente desbloqueavam a organização defensiva sueca, que até então tinha estado quase sempre impecável.
E, em cima do intervalo, depois de um grande passe de Kane, que ia baixando para o meio-campo para tentar receber e lançar os colegas, Sterling apareceu isolado na cara de Olsen, mas o guarda-redes sueco impediu o golo de forma soberba.
Do outro lado do campo, Pickford ainda não tinha tido nada para fazer, mas, assim que começou a 2ª parte, respondeu tal e qual como fez contra a Colômbia: com defesas incríveis.
Após um cruzamento de Augustinsson para a área, Berg cabeceou para golo, mas encontrou a mão esquerda de Pickford; depois de uma assistência de Berg na área, Claesson rematou para golo, mas encontrou a mão direita de 'Picky'.
Dentro das suas óbvias limitações em termos ofensivos, os suecos iam tentando chegar-se à frente, mas os ingleses também continuavam a estar perto do golo e, aos 58 minutos, resolveram mesmo a partida.
Trippier, pela direita, atrasou para Lingard, que aproveitou a subida da defesa sueca para cruzar de primeira para o segundo poste e encontrar, na direção contrária à dos suecos, a cabeça de Dele Alli.
2-0 e pouco mais havia a dizer de um jogo que teve uma história simples e que continua a deixar os ingleses esperançosos. It's coming home, dizem. Já pareceu bem menos provável...