Um bocadinho como Arquimedes, podíamos mover o Mundial com uma alavanca e um ponto de apoio, sendo o último uma bola de futebol e a primeira os nomes dos jogadores. Porque são os melhores jogadores com uma bola nos pés que catapultam uma equipa para o topo do Mundo – e desta conclusão nada surpreendente, chegamos à Croácia.
Pergunto então: porque é que a Croácia não é candidata a sacudir o Mundial2018?
Resposta: não sei.
Talvez porque não tenha um avançado como, digamos, Ronaldo que faça o golo depois de Modríc, Perisic, Rakitic ou Mandzukic terem construído virtuosamente a jogada. Convenhamos que os croatas jogam bom futebol e são bravos, porque o selecionador os apresentou ao ataque frente a uma equipa que faz da velocidade e de uma notável explosão muscular coletiva a sua arma. Ou seja, os temerários croatas arriscaram ter as costas descobertas, confiando que a sua objetiva superioridade técnica chegaria para o recado.
E foi o que aconteceu. Não de uma forma muito gloriosa, é verdade, porque os dois golos aconteceram em lances que contrastam com a qualidade croata: um autogolo de Etebo e um penálti convertido após uma falta tão desnecessária quanto estúpida.
Do lado dos vigorosos nigerianos, que ainda têm em Obi Mikel o seu jogador mais mediático, sobrou-lhes vontade e intensidade o que faltou em discernimento e, porque não?, sorte. A bola que bate na perna do adversário e não entra não é muito diferente da bola que bate na perna do adversário e entra.
Mas disso não têm culpa os croatas, cujo talento abunda, sobretudo no meio do campo, quando os astros Rakític, Modríc e Perisíc se alinham. Em 2016, recordemo-nos, a quase totalidade dos que disputaram este jogo contra a Nigéria (o irreverente Pjaca, inclusivé) foram travados no limite dos limites por uma seleção cujas bolas que eram para entrar, entraram mesmo - e que acabou por sagrar-se campeã da Europa.
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