Raio X: Espanha, a seleção quase perfeita que se desmoronou antes do Mundial

Tiago Teixeira, analista de futebol
Ranking FIFA: 10º
Presenças em Mundiais: 2 (1934, 1950, 1962, 1966, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 - vencedor, 2014 e 2018)
Jogos no Mundial 2018: Portugal (15 junho, 19h, RTP1 e SportTV); Irão (20 junho, 19h, SportTV); Marrocos (25 junho, 19h, SportTV)
Este texto começava assim: a seleção espanhola, comandada por Julen Lopetegui... Só que, a três dias da estreia da seleção no Mundial, o Real Madrid decidiu anunciar que o seu novo treinador era Julen Lopetegui. E, a dois dias dessa mesma estreia, frente a Portugal, a Federação Espanhola decidiu despedir Lopetegui. E, depois, nomear Fernando Hierro, diretor desportivo da Federação, para o cargo, apenas durante o Mundial.
É assim, no meio do caos, que a Espanha chega ao Mundial da Rússia, depois de uma fase de qualificação quase perfeita, onde ganhou nove dos dez jogos realizados, tendo marcado 36 golos e sofrido apenas três.
Partindo do sistema de jogo 4-3-3, o plano de jogo espanhol passa por controlar as operações através da posse de bola. Para tal, procuram construir de forma apoiada e reagir de forma agressiva à perda da bola.
A primeira fase de construção, com os dois centrais (Ramos e Piqué) e laterais (Carvajal e Alba) bem abertos e com a participação de um ou dois médios (Busquets sempre presente) consoante a pressão adversária, é feita sempre de maneira curta e apoiada, mesmo quando pressionados, uma vez que todos os intervenientes são jogadores com muita qualidade técnica.
No meio-campo defensivo adversário, a largura e profundidade é dada pelos dois laterais, sendo que os dois extremos criativos (Isco e Silva) têm maior liberdade posicional o que lhes permite:
1. Aparecer no corredor central para receber a bola no espaço entre linhas do adversário e servir os movimentos de rutura do avançado (Diego Costa, Rodrigo ou Aspas, qualquer um deles é muito forte neste tipo de movimentos) ou...
2. Juntarem-se ao lateral e médio interior do lado da bola para criar superioridades numéricas no corredor lateral de modo a atrair mais adversários para a zona da bola e libertar o corredor central, ou ganhar condições para ir à linha de fundo e realizar um passe atrasado para zonas de finalização.
Sergi Busquets, 29 anos, médio defensivo do Barcelona, é fundamental em todos os momentos do jogo, pela inteligência, criatividade e qualidade técnica com que pensa e executa todas as suas ações.
Marco Asensio, 22 anos, extremo do Real Madrid que dá agora os primeiros passos na seleção e tem no Mundial a primeira grande oportunidade de mostrar toda a sua qualidade técnica, tanto em zonas de criação como de finalização.
Guarda-redes: De Gea (Man. United), Kepa (Ath Bilbao), Pepe Reina (Nápoles);
Defesas: Dani Carvajal (Real Madrid), Odriozola (Real Sociedad), Sergio Ramos (Real Madrid), Nacho (Real Madrid), Piqué (Barcelona), Azpilicueta (Chelsea), Monreal (Arsenal), Jordi Alba (Barcelona);
Médios: Isco (Real Madrid), Marcos Asensio (Real Madrid), Lucas Vázquez (Real Madrid), Sergio Busquets (Barcelona), Andrés Iniesta (Barcelona), Koke (Atlético Madrid), Saúl (Atlético Madrid), Thiago (Bayern), David Silva (Manchester City);
Avançados: Diego Costa (Atlético Madrid), Rodrigo (Valencia), Iago Aspas (Celta de Vigo).
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