“Não sei nada do país, capital, nada, só Ronaldo. Oxalá levante a taça”: pelas ruas e estádios da improvável terra de Cristiano

enviado ao Mundial 2022
Numa mistela com gente de todo o mundo, a convenção mais popular são os apertos de mão e as perguntas que encurtam distâncias. Doha é por estes dias o centro do planeta, uma espécie de micro sociedade global. Antes do Campeonato do Mundo começar, não faltaram troças e risinhos porque as camisolas e as bandeiras dos adeptos das grandes seleções tapavam mãos e corpos de imigrantes que fazem andar todos os dias este Catar que não olha para eles com grande dignidade. Há também muitos turistas. Aspirando-lhes o que lhes corre por dentro, aprende-se algo sobre eles e sobre os seus heróis distantes.
O calor e a humidade tornam-se viciantes. As caminhadas longe dos lugares onde adeptos gritam e cantam euforicamente mostram duas cidades. Há o luxo e o que é lindíssimo, e o que é vulgar e a verdade de muitos imigrantes, que representam 90% da população. As bandeiras de Portugal tornam as viagens mais familiares. O número 7 é o cromo mais repetido.
Nos dias em que joga a seleção portuguesa, a alma lusitana emprestada é embasbacante. Na rua, no metro, em mercados e restaurantes não faltam bandeiras realmente verdadeiras, com os castelos bem desenhados. Ensaia-se até à exaustão o “siiiii” de Cristiano.
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