É um reino de contradições e contrastes. As regras e as proibições parecem ser feitas à medida do privilégio. O sorriso de quem serve, quem sabe quase sempre honesto, é subserviente e acompanhado por “sir”. É desconfortável por vezes e nunca traz um qualquer lamento ou desabafo. A cidade funciona serenamente como uma qualquer cidade que funciona, tolerando alguns exageros ou vestimentas ousadas, para que os turistas se sintam bem, sobretudo no festivo e colorido Souq Waqif.
Do outro lado, das pessoas que visitam o país, também existe esse código manso que fecha os olhos à corrupção que nos trouxe até aqui ou à trágica criminalização da homossexualidade. Como chegou a ser escrito num diário inglês, por cada momento de prazer há necessariamente um sentimento de culpa. O que vemos não é toda a verdade do país, já o sabemos, e o deslumbramento do futebol afasta-nos da realidade.
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