De Montevidéu a Doha, episódio 2: Maradona e os Mundiais, uma história de alegrias e tristezas, sonhos e pesadelos, céu e inferno

Jornalista
A bola parece quase do tamanho da criança, numa desproporção que pode levar a pensar que aquele objeto lhe causa desconforto ou estranheza. Mas mal o rapaz, de 10 anos e com uma camisola com o número 10 às costas, começa a dar toques na bola, a sensação é de união cósmica, de dança elegante, de suave saltitar em doces toques de pé esquerdo ou intermináveis carícias no topo da cabeça.
Num potrero de um bairro desfavorecido de Buenos Aires, rodeado de casas sem luz ou água canalizada, Diego Armando Maradona, um ser com uma década de vida, mostra a intimidade com a bola que o levava a já causar burburinho e sensação no apaixonado mundo do futebol argentino. Depois de ter mostrado o magnetismo que o seu corpo tinha para com o brinquedo que sempre fora o predileto, el pelusa — alcunha dada pela sua família pela quantidade de pêlos que desde cedo teve em todo o corpo — foi questionado sobre aquilo em que a mente pensava quando os olhos se fechavam e podiam viajar pelas esquinas da imaginação.
“O meu sonhar é jogar no Mundial”, foram as palavras que saíram da boca do primeiro homem filho de Doña Tota e Don Diego, depois de quatro raparigas.
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