De Montevidéu a Doha, episódio 7: quando seleções se vestiram no Mundial com os equipamentos dos clubes locais

Jornalista
A história já tem barbas. Antes do mítico encontro entre Argentina e Inglaterra, no Estádio Azteca, em 1986, os roupeiros sul-americanos tiveram um problema. A FIFA ordenou que os argentinos jogassem com as camisolas secundárias. Ou seja, as mesmas que haviam suado contra o Uruguai, nos oitavos de final. Mas Carlos Bilardo, o selecionador, não aceitou. Eram de inverno e os futebolistas iam sofrer outra vez. Rubén Moschella, da federação, foi então pelas ruas da Cidade do México à procura de uma solução. Tinha 48 horas para inventar algo.
No primeiro dia nada. No segundo encontrou as míticas camisetas Le Coq Sportif, contou Moschella, certa vez, à “ESPN”. Bilardo não estava convencido. Diego Maradona cruzou-se com eles e o treinador perguntou-lhe o que achava. “Esta é linda”, confirmou o mago. E assim foi a história do alívio mais aliviado de Rubén Moschella.
Foi necessário então coser os escudos da seleção, já antiquados. E ainda os números, que não eram brancos, brancos e, segundo o protagonista desta história, eram de futebol americano. À meia-noite na véspera do Argentina-Inglaterra, ainda as agulhas estavam a fazer o que Diego faria entre os ingleses. Essa acabou por ser uma das camisolas mais especiais da história dos Campeonatos do Mundo porque ficou associada aos golos de Maradona, o malvado, a marcar um deles com a mão como se tivesse roubado a carteira aos rivais que matavam compatriotas na Guerra das Malvinas, ao tal impossível, angelical, eterno. Até se perguntaram de que planeta vinha aquele canhoto.
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