Christian Bolaños e os restantes jogadores da seleção da Costa Rica estavam fartos de ouvir falar daquilo. “Itália 90, Itália 90, Itália 90”. A nação centro-americana vive, na sua zona, à sombra de potências como os Estados Unidos ou o México e a presença nos oitavos-de-final do Mundial 1990, na estreia na fase final da competição, era uma proeza de que todos falavam até à exaustão.
Tendo nascido, quase todos, durante os anos 80, os homens da equipa costa-riquenha que conseguiu a qualificação para o Mundial 2014 tinham crescido vendo e admirando os feitos dos compatriotas naquela estate italiana. Mas o fascínio tinha-se tornado cansativo. “Estávamos aborrecidos de ouvir sempre falar de 1990, queríamos construir a nossa história”, descreve Christian Bolaños, do outro lado do computador, numa videochamada que une Lisboa a San José, capital do país.
Mas os desejos de fazer com que o Mundial de Itália deixasse de monopolizar o imaginário futebolístico dos ticos pareceram ficar comprometidos no dia do sorteio. Uruguai, Itália e Inglaterra. Três campeãs do mundo. A vigente vencedora da Copa América, a vice-campeã europeia, a detentora da galáxia das estrelas da Premier League.
Bolaños não esconde qual foi o primeiro pensamento do grupo após o sorteio. “Começámos a pensar não sermos goleados, sendo sincero”.
Mas havia “uma geração de jogadores a evoluir na Europa, um bom treinador e um trabalho feito em continuidade na seleção” e puff, fez-se o impensável: a Costa Rica derrotou o Uruguai de Cavani e Forlan e a Itália de Pirlo e Buffon e empatou com a Inglaterra de Lampard, Gerrard e Rooney, vencendo o grupo. Nos oitavos de final, eliminou a Grécia de Fernando Santos para superar a fasquia de 1990. Eles tinham passado a ser a fasquia. A derrota só veio contra os Países Baixos de Robben, Sneijder e Van Persie, nos penáltis.
“História feita com uma geração de ouro que marcará este país para sempre”, resume Bolaños a caminhada.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt