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Mundial Feminino 2023

Na seleção das Filipinas quase sem jogadoras nascidas nas Filipinas, o objetivo é fazer “as raparigas sonharem” em estar ali

Hali Long, a capitã e número 5 das Filipinas, lidera o agradecimento das jogadoras ao público
Hali Long, a capitã e número 5 das Filipinas, lidera o agradecimento das jogadoras ao público
Lars Baron

Pela primeira vez, o país fã de boxe e basquetebol disputou um jogo num Mundial de futebol, perdendo (2-0) contra a Suíça mas saindo debaixo de aplausos dos milhares de adeptos filipinos que muito barulho fizeram no estádio de Dunedin, o mesmo do debute de Portugal. Com uma equipa baseada na enorme diáspora, com 18 das 23 convocadas nascidas nos EUA, elas garantem que entram em campo para serem notadas nas Filipinas, contribuindo para o crescimento do futebol no 12.º país mais populoso do planeta

O Mundial feminino é, na verdade, vários mundiais, em que diversas equipas parecem competir no seu próprio torneio, com objetivos particulares, metas específicas dentro do objetivo comum de entrar em campo e competir pelos pontos. Há quem pareça só estar aqui para ganhar, como os EUA; quem use esta plataforma para prosseguir lutas internas, como o Canadá; e existem, ainda, casos como o das Filipinas, em que o Mundial é uma espécie de amplificador para o futebol do país.

Com 109 milhões de habitantes, o 12.º país mais populoso do mundo não é, tradicionalmente, terra de futebol. Por lá ama-se o boxe, com Manny Pacquiao como semi-deus nacional, e o basquetebol, abraçando com fervor as grandes figuras da NBA.

As seleções masculina e feminina estão longe da elite asiática, sendo que, no lado das mulheres, só foi criada uma liga há quatro anos. Mas tudo começou a mudar quando, em 2021, Alen Stajcic, um australiano, foi contratado para selecionador.

Com a experiência do antigo técnico do país dos cangurus somada ao aumento do recrutamento de futebolistas procedentes da grande diáspora filipina, os resultados melhoraram e a qualificação para a Austrália e a Nova Zelândia foi conseguida. Alen foi elevado a figura nacional, com a viralização da hastag #InStajWeTrust.

Em Dunedin, no palco onde Portugal se estreará na competição contra os Países Baixos, as Filipinas debutaram no grande cenário planetário. A derrota, por 2-0, contra a Suíça complica a situação num grupo em que também estão Noruega e Nova Zelândia, mas esta equipa parece jogar por algo mais do que os pontos do presente.

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