O Mundial feminino é, na verdade, vários mundiais, em que diversas equipas parecem competir no seu próprio torneio, com objetivos particulares, metas específicas dentro do objetivo comum de entrar em campo e competir pelos pontos. Há quem pareça só estar aqui para ganhar, como os EUA; quem use esta plataforma para prosseguir lutas internas, como o Canadá; e existem, ainda, casos como o das Filipinas, em que o Mundial é uma espécie de amplificador para o futebol do país.
Com 109 milhões de habitantes, o 12.º país mais populoso do mundo não é, tradicionalmente, terra de futebol. Por lá ama-se o boxe, com Manny Pacquiao como semi-deus nacional, e o basquetebol, abraçando com fervor as grandes figuras da NBA.
As seleções masculina e feminina estão longe da elite asiática, sendo que, no lado das mulheres, só foi criada uma liga há quatro anos. Mas tudo começou a mudar quando, em 2021, Alen Stajcic, um australiano, foi contratado para selecionador.
Com a experiência do antigo técnico do país dos cangurus somada ao aumento do recrutamento de futebolistas procedentes da grande diáspora filipina, os resultados melhoraram e a qualificação para a Austrália e a Nova Zelândia foi conseguida. Alen foi elevado a figura nacional, com a viralização da hastag #InStajWeTrust.
Em Dunedin, no palco onde Portugal se estreará na competição contra os Países Baixos, as Filipinas debutaram no grande cenário planetário. A derrota, por 2-0, contra a Suíça complica a situação num grupo em que também estão Noruega e Nova Zelândia, mas esta equipa parece jogar por algo mais do que os pontos do presente.
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