Foi como se a sala de imprensa do estádio de Dunedin fosse uma partida de xadrez, um jogo em que cada movimento era calculado, cada palavra medida, uma antecipação do que se verá quando a bola começar a rolar às 8h30 de domingo, hora de Lisboa, mais 11 horas no sul da ilha sul da Nova Zelândia. Antes do desafio que marcará a estreia absoluta de Portugal num Mundial feminino, Francisco Neto e Andries Jonker foram semelhantes na intenção de esconder as cartas na manga, mostrando somente que tinham várias opções para lançar, esperando pelo movimento do oponente para agir.
Nos Países Baixos, o 4-3-3 é sagrado, tática feita cultura nacional. Mas, no passado Mundial, Van Gaal não o utilizou, como não o fizera no campeonato de 2014, no Brasil. Andries Jonker, selecionador neerlandês, foi adjunto de Van Genius no Barcelona e no Bayern Munique e seguiu a tendência: depois de suceder a Mark Parsons, o homem que se sentou no banco quando os Países Baixos venceram Portugal por 3-2 no Europeu de 2022, adotou uma estrutura com três centrais.
Em Portugal, o 4-4-2 losango tem sido uma das muitas constantes do conjunto de Francisco Neto. Mas o selecionador prometeu levar “nuances” na bagagem para a Oceânia e, no último amigável de preparação, apresentou, também, três centrais, no 2-0 contra a Ucrânia.
Será a variante aplicada por Portugal para se ajustar às adversárias? Francisco Neto abraça o jogo do gato e do rato: “É importante esta indecisão [sobre qual a sua opção], da mesma maneira como estou também indeciso sobre como os Países Baixos se apresentarão, porque também podem não entrar com três centrais”. Jonker segue o mesmo raciocínio, explicando que “é importante não ser previsível”.
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