É um dia esperado há anos. Para muitas, que lutaram ao longo do caminho não só com adversárias, mas sobretudo com a desconfiança, a desconsideração e a desigualdade de género, esses anos poderão ter parecido eternidades. Mas passaram. No domingo, logo pelas 8h30, a seleção feminina de Portugal vai estrear-se num Mundial. O mesmo é dizer que Portugal faz parte das melhores. Literalmente das melhores: no grupo E, as Navegadoras, alcunha dada à equipa de Francisco Neto, enfrentará apenas e só as atuais campeãs mundiais, os Estados Unidos, e também as vice-campeãs mundiais, os Países Baixos. E o Vietname, que em teoria será pera mais doce.
Por isso, porque o Vietname deverá estar ao alcance das portuguesas, e porque os Estados Unidos são em teoria o maior favorito não só à passagem do grupo, mas até à reconquista da competição, muitas das contas do apuramento poderão fazer-se logo neste embate de estreia com os Países Baixos. Assim, importa conhecer o adversário que Portugal terá pela frente.
Após essa chegada à final do Mundial de 2019 (e da conquista do Europeu de 2017), é justo afirmar que a formação holandesa tem vindo a perder algum gás no panorama do futebol feminino mundial. Sem Sarina Wiegman, treinadora da equipa nesses dois torneios, e que posteriormente voltou a conquistar a Europa, mas ao serviço da seleção de Inglaterra, os Países Baixos não foram além dos quartos de final no Euro 2022. Na fase de grupos, recorde-se, até venceram Portugal, por 3-2, num jogo bastante competitivo. Já no apuramento para este Mundial, cumpriram com seis vitórias e dois empates, ambos com a Chéquia.
Do 4-2-3-1 ao 3-5-2
Após o Euro 2022, a federação holandesa decidiu dispensar os serviços do técnico Mark Parsons e contratar Andries Jonker. Numa primeira fase, o novo treinador deu continuidade ao 4-2-3-1 que vinha sendo mais utilizado até, mas chega a este Mundial com o 3-5-2 a parecer a estrutura com maiores probabilidades de ser escolhida para a estreia com Portugal. O estilo de jogo não muda de forma significativa – a equipa continua a ter o gosto pela posse de bola, com um ritmo interessante e muita busca pelos corredores na hora de invadir o último terço adversário, mas a disposição das jogadoras altera-se. Com três centrais atrás, mais três médias no espaço intermédio, os corredores laterais são agora responsabilidade quase exclusiva das alas. E, aí, surge a primeira surpresa: Victoria Pelova e Esmee Brugts são as apontadas à titularidade, mas nem uma, nem outra são alas de raiz.
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