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Mundial Feminino 2023

Visita ao passeio da fama do desporto da Nova Zelândia, onde as lendas vestem de all black

Jonah Lomu, figura maior do râguebi neozelandês
Jonah Lomu, figura maior do râguebi neozelandês
Mark Dadswell/Getty

No Hall of Fame localizado em Dunedin guarda-se a memória do desporto do país, uma fonte de “orgulho pátrio e promoção externa”, explica Ron Palenski, responsável pelo espaço. Num local cheio de história, o râguebi abunda, dos pioneiros do século XIX a Jonah Lomu, e há também destaque para o críquete, o atletismo e até o corte de madeira. Já o futebol é uma espécie de nota de rodapé

Tom Elisson era um homem à frente do seu tempo. De origem maori, foi um dos primeiros neozelandeses com sangue nativo a ser admitido à prática da advocacia. Brilhante jogador de râguebi, fez parte da primeira seleção da Nova Zelândia a fazer uma digressão pelo estrangeiro, indo jogar à Austrália e ao Reino Unido em 1888-89. Nessa longa viagem, chamou à atenção o equipamento utilizado: todo de preto, com uma folha de feto prateada do lado esquerdo, diferente do azul inicialmente usado, em 1884.

Em 1893, Elisson pediu a palavra na primeira reunião geral anual da federação de râguebi da Nova Zelândia. O advogado-jogador propôs que a seleção passasse a vestir sempre daquela forma, de preto e com o feto do lado esquerdo.

A escolha foi aceite e Elisson tornar-se-ia no capitão da primeira Nova Zelândia a equipar daquela forma após a assembleia. Desde então, nos 130 anos seguintes, aquele uniforme tornou-se símbolo nacional, não só no râguebi, mas em qualquer campo, pista, piscina ou espaço desportivo em que entre um conjunto do país.

No jogo da bola oval, all blacks tornou-se mais que alcunha de uma seleção. São duas palavras que expressam um ícone, uma força do desporto internacional, quase palavra-passe para a grandeza na atividade mais amada na Nova Zelândia

Tom Elisson, um adiantado ao seu tempo que faleceria depois de contrair tuberculose em 1904 — propôs também que os jogadores fossem pagos por atuarem na seleção, afastando assim o país do amadorismo reinante em Inglaterra —, é um dos destaques do passeio da fama do desporto da Nova Zelândia. Localizado em Dunedin, numa estação de comboios antiga cheia de recantos de arte, a 20 minutos a pé do estádio onde Portugal se estreará num Mundial feminino, é um local que cheira a história e memória.

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