Talvez haja alguma poesia em haver um lugar mágico no simbolismo mas feio na envolvência. Quiçá agarrada a esta ideia, talvez por mero acaso, a seleção nacional fez de Hamilton o seu salão de festas. Depois de lá ter garantido o bilhete para o Mundial, no play-off intercontinental de fevereiro, foi, também, no Stadium Waikato que se festejaram os primeiros golos na fase final da competição e se somou o triunfo de estreia.
As duas cidades com mais habitantes da ilha norte da Nova Zelândia estão nas pontas opostas deste pedaço de terra. Auckland a norte, Wellington a sul. Na estrada que liga ambas, a uns 120 quilómetros para sul de Auckland, fica Hamilton, com os seus 179.000 habitantes espalhados, como é normal por aqui, por longos quilómetros de subúrbios, onde os prédios escasseiam.
Hamilton é, basicamente, uma cidade que se foi criando por estar ali, no caminho entre dois pontos social, económica e politicamente importantes. A estrada atravessa-a, sem um começo nem um final claros da urbe, cujo centro é, sejamos claros, desprovido de beleza. Há um conjunto de restaurantes das mais variadas gastronomias — italianos, turcos, brasileiros, vietnamitas, japoneses — e poucos espaços agradáveis para o visitante, por exemplo, se sentar a desfrutar da paisagem. Bem, talvez isso seja de propósito: em terra de paisagem, senhor turista, é para circular, não para parar.
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