Exclusivo

Mundial Feminino 2023

O que faz um treinador com jogadoras que já ganharam dois Mundiais seguidos para tentarem vencer um terceiro? Fácil: nada

O que faz um treinador com jogadoras que já ganharam dois Mundiais seguidos para tentarem vencer um terceiro? Fácil: nada
Hannah Peters/Getty
Vlatko Andonovski é o nome do macedónio naturalizado norte-americano que aceitou a pressão do desafio em tentar transformar as mulheres dos EUA na primeira seleção de futebol a conquistar três Mundiais seguidos. Em resposta a questões da Tribuna Expresso, o selecionador das eternas candidatas do soccer garante ter uma equipa cheia de jogadoras “esfomeadas” e que “não têm no seu ADN encostar-se” ao que já ganharam. E elogia “as excelentes” futebolistas de Portugal que vai defrontar no último encontro da fase de grupo, na terça-feira (8h, RTP1)

Fosse homem ou mulher, o humano a quem perguntariam se estaria a fim de treinar a seleção das melhores futebolistas norte-americanas seria sempre alvo de um convite fechado em envelope de papel recortado com forma de língua de serpente. Decerto um privilégio gigante, com certeza também uma tarefa matreira, a proposta cheiraria a armadilha pelas expetativas que lhe viria atreladas: conquistadoras do último par de Mundiais e ostentadoras de quatro no total, a questão que antecede cada jogo dos EUA é uma variação de “elas vão ganhar por quanto?”. Treinar esta equipa é acordar todos os dias com a exigência que se banalizou aplicar-lhes.

A obrigatória pergunta auto-imposta, num exercício pessoal, por qualquer treinador(a) seria, então, para quê aceitar assumir esta seleção e arriscar tentar fazer melhor do que já foi feito se esse é provavelmente o maior desafio que existe no futebol jogado por mulheres? Entre estas questões esteve Vlatko Andonovski quando a consagrada Jill Ellis, selecionadora que orquestrou os dois títulos mundiais em 2015 e 2019, saiu do cargo em grande e fez os responsáveis da federação norte-americana voltarem a querer ter um homem a cargo da seleção, cinco anos depois do último. Mal disse que sim à proposta, o atual treinador ficou com uma névoa a rodeá-lo eternamente enquanto permanecer na função e até ao desfecho deste Campeonato do Mundo.

Ou, no caso de os EUA não alcançarem a final, até ao dia em que a seleção do soccer perder e os queixos tombarem com estrondo no chão.

Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: dpombo@expresso.impresa.pt