Tarena Ranui, uma mulher Maori, ascendência que lhe vem da parte da mãe, apaixonou-se pelo futebol em 1982. Naquele inverno no hemisfério sul, verão em Espanha, ela tinha quatro anos, a Nova Zelândia estreava-se num Mundial de futebol e “todo o bairro só falava daquilo”, recorda.
Três décadas passadas, por volta de 2013, o seu filho foi contagiado pelo gosto da mãe pela bola redonda no país da oval. Juntamente com outras crianças Maori, que viviam na mesma zona, criaram uma equipa de futebol, treinada por Tarena, então professora numa escola da zona.
Aquele conjunto de meninos de 7 anos começou a ganhar partidas atrás de partidas a nível regional. “Não porque o treino fosse brilhante”, diz a treinadora humildemente, mas porque “os rapazes tinham características físicas e cognitivas excelentes para o desporto, seriam sempre bons”, acrescenta em conversa com a Tribuna Expresso num hotel em Hamilton na véspera do Portugal - Vietname.
À medida que os jogos foram sendo vencidos, os insultos começaram a ser ouvidos, vindos da parte de fora do relvado, dos pais das outras crianças. No Facebook, havia também mensagens de ódio dirigidas à equipa, questionando, por exemplo, a idade dos meninos ou a “legitimidade para competirem contra equipas de não Maoris”, lembra Tarena.
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