Natação

História, uma vez mais: Diogo Ribeiro é campeão mundial dos 50 metros mariposa

História, uma vez mais: Diogo Ribeiro é campeão mundial dos 50 metros mariposa
Maddie Meyer

Era difícil fazer melhor que a prata de há seis meses, mas o atleta de Coimbra conseguiu. Nos Mundiais de Doha, no Catar, Diogo Ribeiro deu a Portugal o primeiro título mundial na natação. Um dia histórico para o desporto português. “Não tenho palavras. O início não foi bom, mas estou muito feliz por ser campeão mundial”, disse logo após sair da piscina

Mais um dia histórico protagonizado Diogo Ribeiro. O nadador português é campeão mundial de 50 metros mariposa, o primeiro título planetário da natação nacional. O nadador de 19 anos terminou a prova em 22.97 segundos, superiorizando-se ao norte-americano Michael Andrew e ao australiano Cameron McEvoy, dois experientes atletas com presenças olímpicas, que ficaram a 10 e 11 centésimos, respetivamente.

Seis meses depois da prata nos Mundiais de Fukuoka, o jovem de Coimbra conseguiu ainda melhor, conquistando um título inédito para Portugal, ainda que o tempo até tenha sido mais lento que o conseguido no Japão (22.80s). A prova nem começou bem para Diogo, que a meio era um dos últimos, mas uma segunda parte de franca e constante recuperação permitiram-lhe ser o primeiro a tocar no bloco, após uma chegada tecnicamente perfeita. Um esforço anímico e físico impressionante, já que, na mariposa, ir atrás significa lidar com a grande ondulação vinda das outras pistas. O português era o mais jovem na prova e não se amedrontou com o início menos explosivo.

SEBASTIEN BOZON/Getty

“Não tenho palavras. O início não foi bom, mas estou muito feliz por ser campeão mundial”, foram as poucas palavras que saíram da boca de um exausto mas muito sorridente Diogo Ribeiro segundos após deixar a piscinas onde fez história para o desporto português.

O nadador do Benfica havia garantido um lugar na final com o tempo de 23,18 segundos, o 4.º registo das meias-finais. Tornou-se aí também no primeiro português a chegar a duas finais em Mundiais. Os 50 mariposa não são, no entanto, distância olímpica.

Diogo Ribeiro ainda participará nestes Mundiais nos 50 livres, 100 livres e 100 mariposa, estas sim, provas olímpicas, onde o objetivo mínimo será chegar, pelo menos, às meias-finais, tal como aconteceu em Fukuoka. Com vários atletas de seleções fortes como Itália, Estados Unidos ou Austrália, ou o prodígio romeno David Popovici, a falharem estes Mundiais pela proximidade dos Jogos Olímpicos de Paris, abrem-se possibilidades para algo mais para o português.

Calma para Paris

Diogo Ribeiro foi medalha de bronze nos 50 mariposa nos Europeus de 2022, em Roma, semanas antes do triplo ouro nos Mundiais júnior em Lima, no Perú. Seguiu-se em 2023 a primeira medalha em Campeonatos do Mundo, em 2023, um prata à qual agora junta o ouro. Uma trajetória em crescendo para o nadador português, para quem os Jogos de Paris significam a estreia olímpica.

Português já com a sua medalha de ouro
Maddie Meyer

Em julho, quando Diogo Ribeiro foi vice-campeão mundial no Japão, Nuno Albuquerque, comentador da modalidade, sublinhava que o atleta não tinha “obrigação nenhuma de ter uma medalha” nos próximos Jogos Olímpicos, até porque a distância onde tem conseguido os melhores resultados não faz parte do programa do certame. As expectativas para Diogo imaginadas pela equipa multidisciplinar com quem se treina no Jamor, liderada por Alberto Silva, aponta para resultados mais fortes, com finais e medalhas, para os Jogos de Los Angeles, em 2028. Ribeiro terá então 23 anos e estará na sua plenitude física.

É necessária, por isso, alguma parcimónia com o atleta do Benfica. Um pódio em Doha numa distância olímpica poderá antecipar alguns dos objetivos, mas a equipa olha mais a longo prazo do que a curto.

Os Mundiais de Doha realizam-se seis meses depois dos Mundiais de Fukuoka, num calendário da natação que ainda se vê afetado pelas disrupções causadas pela pandemia. Esta é a segunda medalha para Portugal numa prova que já é histórica. Também em Doha, Angélica André foi bronze na prova olímpica dos 10 km em águas abertas, tornando-se na primeira mulher portuguesa com uma medalha em Campeonatos do Mundo.

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