Vinte e dois segundos passam quase num bater de coração e numa prova como os 50 metros mariposa, uma das mais rápidas do calendário da natação, tudo conta. E é por isso que José Machado, diretor técnico nacional da Federação Portuguesa de Natação, admite candidamente que, quando Diogo Ribeiro emergiu do nado subaquático na final dos Mundiais de Doha, pensou no pior.
“Para ser o mais objetivo possível, quando o Diogo começou a nadar, ali à segunda braçada, pensei claramente: ‘Pronto, já fomos’”, explica à Tribuna Expresso. Vice-campeão mundial da distância há seis meses, em Fukuoka, naquela que foi a primeira medalha para uma seleção nacional nesta prova, Diogo Ribeiro chegou a Doha com o melhor tempo na start list e aspirações a repetir ou melhorar o resultado conseguido no Japão. A partida, esse pedaço essencial numa prova de 50 metros, parecia ter afogado essa possibilidade. Mas “a partir dos 25 metros deu para perceber que o Diogo era o nadador mais rápido”, continua o responsável. À falta de 15 metros, já a recuperação estava feita e no final ficou a dúvida, até no próprio atleta, que só alguns segundos depois de bater com a mão na parede percebeu que tinha acabado de fazer história, naquele rosto surpreendido de quem quase não acredita no que atingiu. A chegada do português foi tudo aquilo que a partida não tinha sido: perfeita. E isso foi essencial para o triunfo.
Sim, Diogo Ribeiro foi campeão mundial dos 50 metros mariposa, o primeiro título mundial da natação nacional, obra e graça de um prodígio de 19 anos que se deu a conhecer aos portugueses com um bronze nos Europeus de Roma de 2022, na mesma prova, antes de, semanas depois, arrebanhar três títulos nos Mundiais de juniores, em Lima.
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