Mais história dourada: Diogo Ribeiro é campeão do mundo dos 100 metros mariposa
Ian MacNicol/Getty
Depois do triunfo nos 50 mariposa, o português volta a brilhar nos Mundiais de natação em Doha, impondo-se nos 100 metros mariposa com novo recorde nacional (51,17 segundos). Diogo chegou a metade da prova em segundo, mas voltou a fazer uma ponta final impressionante, confirmando, aos 19 anos, o estatuto de fenómeno internacional
E o fenómeno adensa-se, intensifica-se, brilha com mais força ao ritmo da mariposa, saindo das águas das piscinas de Doha para, aos 19 anos, ocupar já um lugar muito especial na história do desporto português. Depois do título mundial dos 50 metros mariposa, Diogo Ribeiro repetiu o ouro no dobro da distância, nos 100 mariposa.
A face jovem, imberbe, transmite uma saudável irresponsabilidade adolescente, como se o contexto, a pressão ou as expetativas não importassem. Diogo prepara-se, atira-se à água e nada. Depois de, nas meias-finais, ter estabelecido novo recorde nacional, com 51.30 segundos, agora eleva ainda mais a sua própria fasquia, com 51.17 segundos.
Numa distância que, ao contrário dos 50 mariposa, é olímpica, Ribeiro, de 19 anos, traduziu a sua evolução: há seis meses, nos Mundiais de Fukuoka, no Japão, fora apenas 13.º nesta distância, falhando o acesso à final. No Catar, foi o melhor entre os melhores, festejando com aquele ar espantado, misto de surpresa e quase confiança inconsciente. Nas bancadas, a face da mãe de Ribeiro era uma boa definição de felicidade.
Ian MacNicol/Getty
Ian MacNicol/Getty
19
Como nos vem habituando, a partida do jovem de Coimbra não foi a melhor. Chegou a andar entre o terceiro e o quarto, dobrou a prova em segundo, atrás do neerlandês Nyls Korstanje, que viria a ficar arredado das medalhas. A prata foi para Simon Bucher, da Áustria, e o bronze para Jakub Majerski, da Polónia.
Nos metros finais da prova, com a igualdade esperada neste tipo de distância, Diogo Ribeiro entrou na zona Diogo Ribeiro. Rasgando a água, parecendo ir quase em fast forward quando os outros iam ficando ligeiramente para trás, numa aparentemente lenta, mas inevitável, ida para a glória. Tocou a parede em primeiro para cobrir-se, novamente, de dourado.
Os êxitos de Diogo Ribeiro consolidam um Mundial excelente para as cores nacionais. O mote para as alegrias portuguesa foi dada com a inédita medalha no feminino, conquistada por Angélica André, bronze nos 10 km em águas abertas, uma prova olímpica.
Jamais um nadador português estivera, sequer, em duas finais dos mesmos Mundiais. Ribeiro olhou para essa estatística e tornou-a quase cómica, irrelevante, ganhando dois ouros em duas finais, o rei da mariposa em Doha.
Terminado novo pedaço de história, o apresentador que vai falar com os medalhados apresentou o português como “super star youngster”. Jovem estrela, fenómeno consolidado, prodígio internacional. Diogo Ribeiro continua a nadar pelas águas da história que, aos 19 anos, já é dele.