Estar na segunda meia-final de uma prova tem as suas vantagens. Permite saber, à partida, o que é necessário para passar. Essa lógica perde a força numa prova tão rápida como os 100 metros mariposa, onde as diferenças se fazem em décimos e centésimos de segundo.
Para Diogo Ribeiro, o que aconteceu minutos antes não permitia qualquer tipo de relaxamento. Estar na segunda meia-final pode até ter sido mais impactante para a pressão do campeão mundial em título. O nadador de Coimbra sabia seguramente que o nível de Singapura tem estado, em quase todas as provas, acima de Doha, Mundial disputado em ano olímpico e olhado de lado por muitos atletas. E neste ano e meio houve muito boa gente a evoluir. Diogo, como se viu no início destes Mundiais, também o fez.
Quando terminou a primeira meia-final, Diogo sabia que só melhorando (e em muito) o seu recorde nacional de 51.17 segundos lhe daria esperanças de uma nova presença na final do hectómetro. Não ficou longe, mas faltou um bocadinho. Numa meia-final pejada de craques, ladeado de Thomas Ceccon e Josh Liendo, este último medalha de prata há um ano nos Jogos de Paris, Ribeiro começou bem e fez a viragem em 3.º, mas o sprint de Ceccon pareceu tirar a força ao português, que nos primeiros 50 metros tocou a piscina nos 23.56 e fez a segunda metade da prova em 27.65.
O 6.º lugar na sua meia-final, com 51.21, seria insuficiente - Diogo foi 12.º na lista final. Na cabeça do atleta português poderá estar o tempo de Simon Bucher, o 8.º e último classificado para a final, com 50.88: há ano e meio, em Doha, Bucher foi prata atrás de Diogo e chegou a Singapura com um recorde pessoal um centésimo abaixo de Ribeiro. A evolução, a este nível, não pára.
Termina assim a participação de Diogo Ribeiro nos Mundiais de Singapura, com um 4.º lugar nos 50 metros mariposa como destaque importante: na prova mais rápida da história da distância, o português bateu o seu recorde nacional e ficou a apenas 10 centésimos do pódio, ele que era o mais jovem da final. Pouco mais se lhe podia pedir.
Esta sexta-feira, no entanto, terminará com um sabor algo amargo para o atleta do Benfica, que não se apurou para as meias-finais dos 50 metros livres, com 22.08, longe do seu recorde nacional de 21.67, conseguido há poucas semanas no Europeu sub-23. O corte para as meias-finais traçou-se em 21.97, marca ao alcance do português. E ficou-se pelas meias-finais nos 100 metros mariposa. Ainda assim, fazendo o seu segundo melhor tempo de sempre na distância.
Camila Rebelo às portas da final
Frustração também para Camila Rebelo, que ficou a apenas um lugar da final dos 200 metros costas, distância onde é campeã europeia em título. De trás para a frente, a nadadora de Vila Nova de Poiares foi 5.ª na segunda meia-final, recuperando vários lugares nos derradeiros 100 metros.
Mas os 2:09.40, ligeiramente acima do seu recorde nacional de 2:08.95, seriam insuficientes para chegar a uma final que fechou em 2:09.09 - e a frustração também estará em saber que bater o seu máximo teria dado o bilhete dourado à atleta de 22 anos.
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