NBA

Neemias Queta está a ir além dos próprios limites. De onde veio tanto protagonismo?

Neemias Queta está a ir além dos próprios limites. De onde veio tanto protagonismo?
Boston Globe

Esta época, os Celtics fizeram uma dieta financeira e disseram adeus a algumas das figuras que os levaram ao título. Neemias Queta, uma lufada de ar fresco na folha salarial, passou do fundo para o topo da hierarquia dos postes. Resultado? A melhor versão que já vimos do primeiro português na NBA e uma sucessiva quebra de recordes pessoais

A NBA é um negócio de milhões. A movimentação de dólares é feita em grande escala, mas as regras são para cumprir. Por vezes, a jigajoga financeira impede algumas equipas de serem melhores do que queriam.

Em 2025/26, os Celtics precisaram de encolher a barriga. Mantendo o plantel da temporada anterior, a equipa de Boston iria custar à volta de $500 milhões. A NBA também tem os seus limites, embora as exorbitâncias que são gastas façam parecer que não. Este valor, que inclui salários dos jogadores e taxas, seria um recorde (negativo) na liga norte-americana.

Para darem início à dieta, os Celtics tiveram que deixar partir Jrue Holiday e Kristaps Porzingis. Ao mesmo tempo, não puderam oferecer novos contratos a Al Horford e Luke Kornet. Uma parte importante do plantel que foi campeão em 2023/24 desfez-se no processo de contenção.

Esta época, as regras do limite salarial da NBA estabelecem que os franchises são taxados quando a folha ultrapassa os $188 milhões. Os Celtics recompensam as suas estrelas num total de $200 milhões, segundo o site especializado Spotrac. De acordo com a mesma fonte, a esse valor acrescem $40 milhões em taxas.

Sean Gardner

Face ao previsto, a poupança foi substancial. No entanto, o front office ainda tem trabalho pela frente. Caso os Celtics não consigam evitar a taxa de luxo em 2025/26 ou em 2026/27, podem ser sancionados.

No meio da parafernália de números, Neemias Queta tem um contrato modesto que este ano lhe vai valer $2,3 milhões. Entre as saídas, três jogadores ocupavam a posição de poste. Na ausência de figuras mais credenciadas, Joe Mazzulla recorreu à prata da casa, o que tem permitido ao português subir na hierarquia.

Neemias Queta foi titular nos seis jogos dos Celtics. Ao longo da carreira, antes de ser uma aposta tão vincada, o gigante do Vale da Amoreira nunca tinha marcado presença no cinco inicial em mais do que dois encontros seguidos.

A constante presença dentro do campo repercute-se em números inéditos. Nos 23,5 minutos de média por jogo, Queta tem aproveitado para marcar 8,2 pontos por jogo, fazer 1,8 desarmes de lançamento e aspirar 8,2 ressaltos, dos quais 3,2 são ofensivos. Aliás, 39% do total de bolas recolhidas são fruto da intervenção da tabela ofensiva.

Até agora, o encontro frente aos Cavaliers foi aquele em que o jogador interior de 26 anos teve mais impacto. Neemias alcançou um duplo-duplo com dez pontos e um máximo de carreira de 13 ressaltos.

Brian Fluharty

No final da temporada passada e antes de representar a seleção nacional no EuroBasket, Neemias assumiu à Tribuna Expresso que “não é fácil” perder tantas figuras importantes, mas garantiu que os Celtics iam ser “um grupo novo com bastante fome para provar valor”.

No decurso da temporada, o internacional português lutará pelo posto com Luka Garza (14 minutos por jogo) e Xavier Tillman (10,4). Para já, vai-se destacando na corrida. Na mesma entrevista, o camisola 88, prometeu compromisso de todos: “Em teoria, não somos os melhores postes da liga, mas o que não vai faltar é luta.”

Os Celtics registam três vitórias e outras tantas derrotas. Com Jayson Tatum a lidar com uma rutura no tendão de Aquiles, tem sido Jaylen Brown a destacar-se. Joe Mazzulla ainda procura afinar a rotação da equipa, mas vai reforçando uma identidade. Na NBA, ninguém lança mais triplos (47,8) do que Boston. Veremos até onde vai a pólvora.

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