25 de março de 1990: o dia em que os New Order gravaram o duvidoso hino para o Itália 90

Pedro Candeias
Os ingleses têm o saudável hábito de gravar uma canção sempre que a Old Albion se apresenta num Mundial ou num Europeu de futebol; a mais conhecida de todas, claro, é a “Football is Coming Home”, do Campeonato de Europa de 1996, porque o futebol ia regressar a casa 30 anos depois do Mundial 1966 que a Inglaterra conquistara, batendo a RFA por 4-2. Geoffrey Hurst fez um hat-trick nesse dia, terminou a competição com quatro golos, menos cinco do que Eusébio.
Mas, seis anos antes desse hino de “Baddiel, Skinner & Lightning Seeds”, em que a palavra “home” é cantada 23 vezes, produziu-se a “World In Motion”, por ocasião do Mundial de Itália - aconteceu no dia 25 de março de 1990, há 30 anos, e é precisamente por isso que estou aqui a falar disto agora.
Um bocadinho de contexto: a “World In Motion”, segundo reza a história, foi pedida por um melómano press officer da federação inglesa aos New Order, spin off luminoso dos deprimidos Joy Division, que logo aceitaram o pedido; ao contrário dos jogadores. Ao que parece, o industrioso Gary Lineker tinha as suas ideias, e acabou a gravar uma canção de que ninguém se lembra, chamada “If We In At All”.
Mas, ainda assim, houve quem achasse piada à oportunidade de gravar uma canção para a posteridade. Paul Gascoigne, obviamente, mas também Steve McMahon, Des Walker, Chris 'mullet' Waddle e até o descolorido Peter Bearsdley aceitaram emprestar - mais ou menos - a voz à coisa. A estrela foi John Barnes, que derrotou, diz-se, os canastrões Gascoigne, Beardsley e Walker num concurso de palavras ritmadas, ganhando o direito a fazer um rap que ficou histórico.
Barnes, futebolista negro de raízes jamaicanas, bem-parecido e sorridente, segurando uma bola debaixo do braço, vestindo o fato de treino Adidas do Liverpool - a Inglaterra equipava de Umbro.
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