Se estamos a falar de jogos ao vivo, há vários que me marcaram. Mas o jogo que mais marcou é recente:
15/6/2019 - Estádio 1º de Maio, Lisboa
Final Campeonato Distrital da 3ª Divisão da AFL
Belenenses, 3 – Bocal, 2 após prolongamento
A equipa do dia da final ainda esta na cabeça: Foles; Evandro, Alex, Serra e Jójó; Sénica, Castro e Trabulo; Varela, Santos e Viegas. Entraram também Ilmo, Alcario, Jorginho e Rivaldo.
Num Estádio 1º de Maio lotado e com um forte apoio dos sócios e adeptos do Belenenses, foram os cerca de meio milhar de adeptos do brioso e digno Bocal que começaram por fazer a festa, pois adiantaram-se no marcador logo no primeiro minuto de jogo.
Por isso, começámos o jogo praticamente a perder, mas logo chegámos ao empate, pelo goleador Santos, num lance fantástico que motivou e galvanizou a nossa equipa. Continuámos por cima mas sem conseguir marcar.
Intervalo.
Entrámos de novo intranquilos na 2ª parte e o adversário adiantou-se no marcador. O jogo aproximava-se perigosamente do fim e os nervos e a ansiedade dos adeptos do Belenenses estavam no auge. Até que a dois minutos do fim é assinalado um penálti indiscutível a nosso favor, transformado pelo Castro.
O prolongamento foi todo nosso mas a bola teimava em não entrar, foi já perto do fim que se deu uma explosão de alegria que jamais esquecerei: o jovem Alcario, de cabeça, deu-nos o título que tanto desejávamos.
Antes deste, tenho de destacar também outros jogos que marcaram a minha vida, por diferentes razões.
12/12/2004 Estádio do Restelo
Belenenses, 4 – Benfica, 1
Corria o dia do meu aniversário, no ano de 2004, quando o BELENENSES, do Imperador Marco Aurélio, do Zé Pedro, do Juninho Petrolina e do Mister Carlos Carvalhal, resolveu brindar-me, em pleno Estádio do Restelo, com um autêntico banquete de bom futebol, reduzindo o Benfica de Trapattoni a cinzas.
O ano de 2004 foi para mim um ano muito rico de grandes acontecimentos, um ano fantástico do ponto de vista pessoal e profissional, mas aquele dia de dezembro ficou-me marcado, não só por ser o meu dia de anos, mas também porque o Belenenses estreou um equipamento com camisola azul celeste e calções pretos, que ainda hoje considero o mais bonito que já vi.
Para além disso, demos quatro secos ao Benfica, o que penso já não acontecia há umas boas décadas.
Foi uma tarde memorável, que começou com um golo de classe do Antchouet e terminou com duas bombas do Zé Pedro, tudo sob a superior batuta do pequeno-grande Juninho Petrolina.
No fim deixámos um tal de Sokota fazer um golo fácil e fechámos as contas num excelente 4-1, num jogo dirigido pelo falecido Paulo Paraty.
22/5/2007 Estádio Nacional
Final da Taça de Portugal
Belenenses, 0 – Sporting, 1
Foi o primeiro jogo ao vivo em que levei o meu filho Martim, que, com a chuvada que se abateu durante o jogo, acabou por ver grande parte do encontro ao meu colo, ambos embrulhados nas faixas da Fúria Azul.
Antes do jogo estivemos no “porco assado” do Vítor Domingos e lembro-me do Martim, pequenito, passar parte da tarde a jogar futebol com os filhos do Rui Gregório. Esse foi o dia em que vi mais gente do Belenenses junta, nas matas do Jamor: para onde quer que se olhasse, apareciam cachecóis azuis.
Eram adeptos do Belenenses, aos milhares, por todo o lado.
Aquele dia tinha tudo para ser “o dia do Belenenses” e parecia que ia ser, quando logo nos primeiros minutos o Amaral “coveiro”, primeiro, e o Dady, depois, tiraram as medidas à baliza do Ricardo e deixaram os leões em sentido.
Do outro lado, o Costinha correspondia muito bem e foi quando as coisas se encontravam controladas e caminhávamos para prolongamento que o Jesus se lembrou inexplicavelmente de deixar o Amaral, o nosso lateral direito, fora do campo a receber assistência por uns bons pares de minutos que, naquele momento, pareceram horas.
Ainda com uma substituição para fazer, aqueles foram minutos a mais para estarmos com menos um e o Sporting, a dois minutos do fim, justamente pelo lado direito da nossa defesa, constrói a jogada que lhes dá a Taça de Portugal mais amarga da nossa história.
O regresso a casa foi penoso.
30/6/1991 Estádio da Luz
Portugal, 0 – Brasil, 0 – Final Mundial de Sub-20
Jogo fantástico, de sensações incríveis, onde depois de 120 minutos de jogo, 120 mil portugueses na bancada viram Portugal marcar quatro penáltis e o Brasil falhar dois. Resultado: Portugal foi Campeão do Mundo, em Portugal.
Lembro-me de ter ido ver o jogo com os meus colegas todos da faculdade e de termos ficado na rua até de madrugada, a beijar e a abraçar toda a gente que nos aparecia pela frente.
Foi na altura uma grande alegria para todos e penso, até hoje, que foi esse jogo e essa geração de jogadores e treinadores que, na senda do que já vinha de Riade, revolucionaram para sempre o futebol português, não ao nível do talento, porque esse sempre existiu por cá, mas ao nível do mix talento e mentalidade.
Era o Portugal de Carlos Queiroz, Jorge Costa, Figo, João Pinto, Peixe, Rui Costa e companhia e foram eles, depois também à boleia de um tal Cristiano Ronaldo, que lançaram o país futebolístico para os grandes feitos que se vivenciaram nas duas primeiras décadas do século XXI.
Além dos que já referi, muitos outros jogos podia destacar: no Santiago Bernabéu, no Camp Nou, no Parque dos Princípes, em Wembley... Destaco, só de cabeça, mais três, pelo ambiente que os envolveram:
19/4/2007
No Estádio do Restelo
Belenenses, 2 – Braga, 1 (após prolongamento) ½ Final da Taça 2006/07
13/2/2005
Na La Bombonera
Boca, 2 – Lanús, 2
1ª jornada Clausura
14/2/2010
No Vicente Calderón
At. Madrid, 2 – Barcelona, 1
E depois disto... Falta-me assistir a um jogo em Anfield Road.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt