Em dezembro, no jogo que, a cada quatro anos, coloca o mundo de olhos postos num campo de futebol, houve um anjo feito diabo à solta no Catar. Entre ziguezagues que desafiam o equilíbrio das mais dançantes ancas, fintas vindas das ruas de Rosario, onde nasceu, e uma mistura de técnica, ginga e audácia, Ángel Di María começou a inclinar a final do Mundial 2022 para a Argentina.
Um penálti conquistado, um golo marcado, um primeiro tempo que foi como que uma homenagem a um dos melhores jogadores do mundo da sua geração. Depois de ter feito os golos que deram o triunfo nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, e na final da Copa América 2021, no Maracanã, lá estava novamente o fininho e esguio a desequilibrar.
Sensivelmente meio ano passado do dia em que, no maior dos encontros, Di María se elevou durante 45 minutos por cima de todos os que se esticavam para tocar no Evereste da bola, o argentino é apontado a um regresso ao Benfica. Passados 13 anos do verão em que trocou a Luz pelo Real Madrid e 16 temporadas após a chegada à Portela ladeado de Andrés Díaz, um dos jogadores com melhor carreira internacional que passou por Portugal neste século poderá voltar à I Liga.
Descrever Di María — a sua canhota como catapulta, capaz de levar perigo a larga distância, o seu cérebro criativo e imaginativo, as pernas finas e ágeis, a técnica que cola a bola ao pé — poderá resultar redutor, pois é segredo para ninguém a qualidade de quem tem 132 internacionalizações pela Argentina, ganhou 32 títulos oficiais, brilhou no Benfica, Real Madrid ou PSG.
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