O Estádio José Alvalade viveu, no clássico contra o FC Porto, uma noite especial. Teve um pouco de tudo. Golo e assistência e correrias sem fim de um avançado que, se ficasse cá 10 anos, poderiam muito bem encomendar já a estátua, para ficar mais baratinha. A recuperação do orgulho por parte de um jovem central, que correspondeu elegante e perfeitamente perante feras depois do anonimato, depois das expectativas elevadíssimas, depois de o acusarem de flopismo, depois de cair, depois de falarem nele, que tem 21 anos, como se tivesse 25 e fosse um caso perdido. Que triturador é o futebol.
Mas os sportinguistas testemunharam mais coisas. A qualidade assombrosa, com bola, de Gonçalo Inácio e Ousmane Diomande. A fisicalidade, compromisso e qualidade que a dupla Hjulmand-Morita coloca em cima do relvado, engolindo o bom futebol de Alan Varela e a impecável postura de Stephen Eustáquio, veste bem os valores dos dragões. O atrevimento de Geny Catamo. Vislumbrou-se também a intermitência de Pedro Gonçalves e Marcus Edwards.
Foi também mais uma oportunidade para lembrar a falta que, apesar de tudo e das boas vontades, fazem laterais como Pedro Porro e Nuno Mendes (ou semelhantes), por exemplo, para a equipa que mais joga entre os grandes ser ainda maior e mais avassaladora, agora que se joga de maneira menos padronizada e há mais soluções. Mas houve também caos, emoção, velocidade, técnica, duelos faiscantes, guarda-redes importantes e no fundo, ao contrário do que diria Sérgio Conceição no final, um Sporting muito melhor do que o FC Porto (sete derrotas em 24 jogos em 2023/24, ainda que se mantenha vivo nas principais competições), que tem menos golos no campeonato que equipas como Vitória SC, Farense, Estoril Praia e Gil Vicente e que, ao não saber juntar criativos e alimentar a belíssima dupla de avançados, vai penando, embora compita como sempre e esteja sempre perto do lugar que importa.
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