Portugal dá hoje o pontapé de saída na fase de qualificação para o Mundial de 2018 na Rússia. O primeiro jogo está longe de ser fácil, com uma dura Suíça que ainda conta com uma das melhores gerações de jogadores na sua história (basta ver como nas fases finais de euros e mundiais já não é propriamente o patinho feio que antes fora).
Ou seja, isto agora volta a ser a doer.
E os feitos recentes, com a conquista do Europeu de França, ficam para trás das costas e o contador volta a zeros e começa tudo de novo.
Bem sei, este é o normal ciclo da vida do futebol. Acaba-se um campeonato e vem um logo a seguir. Acabou o Euro? Venha o Mundial…
Mas por uma vez nas nossas vidas as coisas não podem ser um bocadinho diferentes? Tem mesmo de ser já? É que falam-me na selecção e vêem-me logo à memória as emoções do Stade de France a 10 de Julho. Quem é o ponta de lança que vai jogar esta terça? Quero lá saber, para mim é Eder forever… O jogo dá em que canal? Tanto faz, vou passar mais duas horas a ver aqueles vídeos da final e do Euro cheios de música épica de fundo para eu voltar a ter lágrimas nos olhos.
A sério, Portugal vai mesmo voltar a jogar? Não dá para ter uma moratória, uma providência cautelar, uma injunção jurídica, um buraco negro no tempo, qualquer coisa que decrete que a equipa de Fernando Santos não volta a entrar em campo tão cedo. Eu não me quero enervar nem irritar nem aborrecer. Estou num sonho e não quero mesmo acordar.
Mas como este meu desejo (não sei se correspondido pelo caríssimo leitor) dificilmente é compreendido pela FPF, pela UEFA ou pela FIFA, a equipa das Quinas vai mesmo voltar a entrar hoje em campo (é só para eu rapidamente perceber como o Éder nunca mais volta a fazer um chuto daqueles), vamos lá olhar um bocadinho para o que nos espera hoje em Zurique.
Em relação à equipa que triunfou no Euro há três ou quatro coisas que agora jogam contra nós. Dificilmente o balão voltará a estar tão insuflado como esteve em Junho e Julho, quando aqueles 23 se superaram. Depois, não há Cristiano Ronaldo (bem sei que também não houve na final de Paris, mas aí, não desvalorizar, ele fez brilhantemente de adjunto de Fernando Santos). Para além disso, não há Renato Sanches, the real mustang.
O que há no outro prato da balança? Bernardo Silva em grande. O Éder se, como eu, continuar a viver num sonho e a achar que é uma espécie de reencarnação do Eusébio a chutar de fora da área. Uma equipa que se conhece lindamente. André Silva finalmente a despontar. Fernando Santos e a sua fé inquebrantável no banco.
Chegará? Não sei. Mas, francamente, também não quero saber. É que nas duas horas do Suíça-Portugal eu vou estar a ver vídeos lamechas do Euro. Ou então a olhar para o símbolo no centro das camisolas nacionais, onde está escrito, para que nunca esqueçamos: Campeões Europeus. É, somos mesmo…
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