Opinião

O que nos têm servido os árbitros neste Europeu? Algo muito próximo da excelência (por Duarte Gomes)

O que nos têm servido os árbitros neste Europeu? Algo muito próximo da excelência (por Duarte Gomes)

Duarte Gomes

Ex-árbitro de futebol

No dia em que Artur Soares Dias se estreia no Euro 2020, o ex-árbitro Duarte Gomes elogia o desempenho da arbitragem no Euro 2020 porque, somando qualidade com quantidade, espera-se algo muito próximo da excelência (não confundir com perfeição) e, na verdade, é isso que tem sido servido a todos nós, felizmente

O Euro2020 tem tido, até à data, arbitragens muito positivas. Nos doze jogos já realizados, não há registo de nenhum erro catastrófico, daqueles lesa resultado, que chocam tudo e todos.Em parte, é isso que se espera e exige a este nível, não só porque estão ali os melhores dos melhores - a UEFA planeia as suas escolhas com cautela e tempo -, mas também porque cada equipa de arbitragem é agora composta por oito elementos. Oito!

Ao árbitro principal, árbitros assistentes (dois) e 4.º arbitro (todos em campo), somam-se em sala um video-árbitro e três (!) assistentes de VAR, um deles exclusivamente afeto a questões relacionadas com foras de jogo.

Da soma da qualidade com quantidade, espera-se algo muito próximo da excelência (não confundir com perfeição). E, na verdade, é isso que tem sido servido a todos nós, felizmente.

No total das partidas já disputadas - a 1.ª jornada está agora concluída -, marcaram-se 28 golos, o que dá uma média bem apelativa de 2,33 golos por jogo.

Não fosse o empate a zeros entre Espanha e Suécia (o único até à data) e poderíamos andar muito próximos dos três golos por jogo. Nada mau para o Campeonato da Europa mais atípico de todos os tempos.

Importa sublinhar, ainda em relação aos golos, que nenhum foi mal validado. Nenhum resultou de uma clara falta atacante ou de um fora de jogo escandaloso. Nenhum aconteceu fora de horas ou após infração defensiva mal assinalada.

Já no que diz respeito a expulsões, apenas uma (por acumulação de cartões amarelos) e indiscutível: o polaco Krychowiak fez mais do que o suficiente para ser advertido duas vezes.

Angel Martinez - UEFA

O povo merece (e de que maneira) uma competição intensa, competitiva e com verdade, tal como merece estar nas bancadas, a aplaudir ao vivo e a cores ao desfile de muitos dos mais talentosos futebolistas da atualidade.

E é por isso sob o signo do otimismo que arranca esta quarta-feira a segunda ronda de jogos, com uma noticia boa para todos nós: a presença de uma equipa de arbitragem portuguesa num dos jogos da tarde.

Artur Soares Dias, Rui Licínio, Paulo Soares e João Pinheiro (VAR) dirigem o Turquia/País de Gales, que se joga no Baku Olympic Stadium, em Baku (às 17h, Sport TV).

Esta não é apenas a estreia do português num Europeu. É também a sua estreia neste Europeu.

Soares Dias e seus pares têm qualidade, experiência e sabedoria para imporem a sua competência num jogo que não se prevê nada fácil (turcos e galeses ainda não venceram e estão já agarrados à calculadora).

Assim a estrelinha os acompanhe, porque eles merecem e a arbitragem portuguesa - sempre tão criticada intramuros - também.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt