Já mesmo em vésperas de Jogos Olímpicos, o desporto português conheceu ainda dois momentos de grande alegria e afirmação em duas modalidades de expressão mundial. No ciclismo, e na mais importante e exigente prova por etapas do Mundo, a Volta à França, o nosso João Almeida alcançou o quarto lugar na classificação geral, logo atrás daqueles que são inegavelmente os três maiores ciclistas da atualidade - Pogačar, Vingegaard e Evenepoel. Ou seja, o João foi o campeão de todos os outros, o que não é coisa pouca, e confirma a sua posição como continuador brilhante da saga heróica do grande Joaquim Agostinho de outros tempos.
Por ora, muitos parabéns, João. Mas sabemos que ainda nos vai oferecer mais momentos de êxito desportivo, nessa modalidade que tem o condão de acontecer na rua e de ser trazida até às nossas casas em transmissões televisivas cada vez mais atrativas (o Tour de France sendo talvez o melhor exemplo), conjugando o esforço desportivo com a beleza do país que percorre. E como foi bonito ver, ao longo das três semanas de prova, milhares de bandeiras portuguesas a apoiar os ciclistas portugueses Rui Costa, Nelson Oliveira e sobretudo João Almeida. São poucos talvez, mas bons!
Do popular ciclismo para o mais reservado ténis, fomos brindados com um “inesperado” triunfo! Nuno Borges vence na final do torneio ATP 250 de Bastad o “campeonísimo” Rafael Nadal. Borges, que desde há três anos constrói a sua carreira no Centro de Alto Rendimento da Federação de Ténis, não podia seguramente ter sonhado com melhor e mais inesquecível dia para ser vencedor numa final. Contra Nadal e em piso de terra batida, superfície em que desde há muitos anos o espanhol é reconhecidamente “rei e senhor”.
João Sousa tem agora um continuador à sua altura. Capaz de repetir esta que foi a sua primeira final e o seu primeiro título. Sim, estou absolutamente convicto de que tal vai acontecer. Pela sua qualidade técnica, a sua capacidade de trabalho, mas muito também pela sua sincera humildade e generosidade. São dele as palavras que transcrevo e que proferiu no discurso de vitória, ainda no court e perante Nadal: “…sei que todos queriam que o Rafa ganhasse e uma parte de mim também. Mas alguma coisa ainda maior dentro de mim, me ajudou a conseguir vencer.” Quem assim fala na hora da vitória merece que venham muitas mais.
Hoje começam algumas provas nos Jogos Olímpicos de Paris. O futebol, o râguebi, o andebol e o tiro iniciam competição antes até da cerimónia de abertura, que ter lugar na sexta, dia 26. É sempre um momento aguardado com grande expectativa não apenas pelos atletas, mas também por espectadores do mundo inteiro, dada a conhecida sua emblemática grandiosidade. E neste ano de 2024 merecerá especial atenção uma esperada beleza adicional pois, pela primeira vez na história dos Jogos, a cerimónia não decorrerá num estádio, mas sim ao ar livre: nos cenários do rio Sena, da Torre Eiffel e do centro histórico de Cidade das Luzes.
Portugal lá estará com a sua representação de 73 atletas a competir em 15 modalidades. Uma equipa equilibrada onde, como é sabido, o atletismo assume o maior número de presenças: vinte e duas, não tendo sido conseguido o apuramento em nenhuma modalidade coletiva. Não é, portanto, a maior delegação de sempre, mas mantém os níveis habituais de participação, acrescentando a novidade de ser a primeira vez em que é maior o número de atletas femininos, 37 do total de 73.
Portugal entra em competição já no sábado. Ciclismo, equestre, judo, skateboarding, surf, ténis e ténis de mesa são oportunidades para Nuno Borges, Rui Costa, Nelson Oliveira, Manuel Grave, Catarina Costa, Gustavo Ribeiro, assim como as equipas do surf e do ténis de mesa. Muito para ver e compreender, com a ambição de vitória e a preparação necessárias num evento desportivo de escala mundial.
Em Paris houve já Jogos Olímpicos em 1924. Hoje celebra-se, por isso, o seu centenário. E é também um centenário de boa memória para Portugal. Em 1924, Portugal ganhou a primeira medalha olímpica. Ficou para a história a medalha de bronze da equipa portuguesa na modalidade equestre. Outras se seguiram, até ao glorioso ouro de Carlos Lopes em Los Angeles em 1984, depois repetido pela Rosa Mota, a Fernanda Ribeiro, o Nelson Évora e o Pedro Pichardo. Que estes feitos do passado sirvam de inspiração aos nossos atletas, que lhes tragam confiança e força para uma bela presença portuguesa nos Jogos de Paris.