O final de ciclo de Schmidt no Benfica foi penoso e o presidente rasgou o guião que mantivera em maio, em nome da estabilidade. A escolha possível, agora, recaiu em Bruno Lage. Há profundidade suficiente no plantel herdado pelo treinador para, explica Tomás da Cunha, fazer evoluir a equipa. Mas Rui Costa saberá que a escolha está longe de fazer desaparecer a nuvem negra que tem pairado sobre o clube. Lage sempre se esforçou para cativar o benfiquismo, nas palavras e nos atos, mas o discurso já não é novidade
De Abel a Marco Silva, passando por Mourinho e Leonardo Jardim. A discussão sobre o sucessor de Roger Schmidt andava por aí, mas poucos pensariam que, uns anos depois, Bruno Lage regressaria para assumir o comando da equipa encarnada. Não sendo de conhecimento público, a lista de treinadores à escolha de Rui Costa foi forçosamente menor do que a que teria em maio, no final da época. Assim, fica difícil entender em que lugar da hierarquia surgiu o ex-técnico dos Wolves e do Botafogo e se é visto como uma figura de futuro. O timing do despedimento do alemão prova que todo o planeamento da temporada tinha bases muito frágeis e que a reação vem, sobretudo, do estado de emergência.
Não há forma de o líder das águias tomar uma decisão em nome da estabilidade para, após quatro jornadas, rasgar o guião. Fá-lo com a época em andamento e um plantel desenhado para as necessidades de Schmidt. De resto, o mercado foi bastante atribulado – até à última - e a perda de jogadores nucleares leva a que se imponha uma nova ordem, com protagonistas diferentes. Tal como em 23/24, o técnico alemão parecia desorientado na procura de um 11 estável e com sociedades definidas, sobretudo do meio-campo para a frente. A equipa não se conhecia. Entende-se o despedimento, na medida em que não havia qualquer sinal de que o tempo serviria para corrigir problemas – táticos, de gestão e de comunicação.
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