Opinião

Já existe uma Casa de Arbitragem em Óbidos para formar quem se dedique ao apito. Porque há (muita) falta de árbitros em Portugal

Já existe uma Casa de Arbitragem em Óbidos para formar quem se dedique ao apito. Porque há (muita) falta de árbitros em Portugal

Duarte Gomes

ex-árbitro de futebol

Continuamos a ter menos árbitros do que precisamos em Portugal, tendo em conta o número de competições regulares que existem a nível distrital e nacional. Duarte Gomes exalta a criação do novo Centro de Estágios da APAF, fundado em jeito de academia, para dar a quem pretenda seguir a carreira uma casa de formação especializada

No passado sábado, a APAF deu o pontapé de saída ao Centro de Estágios - Academia APAF (em Óbidos), espaço inédito em Portugal e que pretende impulsionar o recrutamento e formação de novos agentes de arbitragem.

O objetivo, agora em vias de se concretizar, foi o de finalmente criar um local próprio, só seu, onde árbitros de todo o país possam usufruir de formação específica a nível técnico, tático, psicológico e físico. A ideia é também que o local passe a ser o ponto de encontro preferencial de toda a arbitragem no que diz respeito à realização de estágios e à preparação dos seus atores enquanto parte integrante do jogo.
A futura ‘casa da arbitragem’ terá várias infraestruturas adequadas a todas as categorias e até um espaço interativo, onde árbitros, mas também atletas ou estudantes possam simular decisões, mergulhando no ambiente virtual que os coloque momentaneamente no papel de decisor.
O projeto foi lançado no âmbito de mais um “Encontro Nacional do Jovem Árbitro”, evento que a associação promove há muitos anos.
Deve vez a ação contou com cerca de 120 jovens oriundos de todo o país. Meninas e meninos entre os 14 e os 18 anos, que tiveram a coragem de abraçar esta carreira. Mérito para eles mas também para os seus pais, que os incentivaram a agarrar este desafio em tão tenra idade.
Todos tiveram oportunidade de partilhar experiências, conhecer outras realidades e aprender um pouco mais sobre a função que escolheram desempenhar. O evento teve ainda várias palestras, conversas soltas, treinos físicos, momentos de avaliação e, claro, atividades recreativas e de lazer. Por lá passaram figuras de relevo da nossa arbitragem, como Artur Soares Dias, Luís Godinho, Olegário Benquerença, Nuno Almeida, Vanessa Gomes e Eduardo Coelho.
A APAF continua a fazer o seu caminho meritório, procurando dar aos árbitros, sobretudo aos mais novos, todo o apoio e acompanhamento que necessitam. Fá-lo até complementando (bem) a missão sempre difícil que compete às estruturas oficiais.
Continuamos a ter menos árbitros do que precisamos em Portugal, tendo em conta o número de competições regulares que existem a nível distrital e nacional.
O investimento no número de atletas federados deve pressupor investimento proporcional na aquisição e retenção de novos árbitros. E esse, quando existe, não pode ser esporádico, pontual ou a reboque de qualquer campanha internacional. É preciso haver planeamento e estratégias bem definidas, a médio/longo prazo, que se mantenham até que o objetivo seja concretizado.
Ter o número de árbitros ideal significará impedir que muitos deles dirijam cinco, seis e sete jogos por fim de semana, com todas as consequências físicas e de decréscimo de qualidade que isso significa. Significa também ter mais quantidade para poder escolher qualidade.
Basta priorizar.
A verdade é que, com base frágil, não há topo que resista.

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