Bruno Vieira Amaral escreve sobre o léxico dos comentadores de futebol porque, subitamente, o calcanhar de Aquiles (quase literalmente) de qualquer defesa é para onde tem os pezinhos virados, os tais “apoios”. Em tempos que já lá vão bastava ao defesa ser duro que nem um presidiário, fazer cara de mau, cuspir violentamente para o chão
Tenho a sensação de que o sindicato dos comentadores – que imagino uma espécie de fraternidade maçónica – aposta em inundar o léxico futebolístico de expressões que nos fazem sentir – a nós, mortais adeptos – inapelavelmente burros. Há palavras, conceitos, formulações que só servem para nos fazer sentir culpados por não termos tirado o nível IV do curso de treinadores da UEFA.
Já não é periodização tática. Já não são as célebres transições. Nem sequer é o gegenpressing: tudo isto, mesmo o que vem embrulhado em alemão, já foi assimilado até pelo cérebro do adepto menos erudito. Por isso é preciso trazer novidades, novas expressões reservadas aos iniciados. Aquela que está a bater mais é a referência aos “apoios”. Ou eu andava muito distraído ou então davam-lhe outro nome, mas parece que nos últimos tempos não há transmissão televisiva em que o comentador não fale dos apoios.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt