Na era da consistência e da intensidade, dos Golos/Assistências como métrica infalível de avaliar o talento, temos consciência de que a genialidade episódica de João Félix e o seu fulgor bissexto são alicerces insuficientes para um culto regular. No fundo, conhecemos demasiado bem os seus defeitos para nos consagrarmos à propaganda das suas qualidades. A essência do seu génio é intermitente
Nós, os devotos de São Félix, somos muitos, mas vivemos a nossa Fé(lix) de forma algo desorganizada, intermitente. Imitamos, na nossa devoção, o nosso ídolo. Passamos meses sem nos lembrarmos da sua genialidade, de como ele, com uma simples receção, nos reconcilia com o futebol, até que o vemos emergir das catacumbas do banco para marcar um golo de antologia numa partida da Liga Conferência ou testemunhamos um daqueles passes de quem parece ver o jogo a partir de um trono celestial e temos vontade de o pôr num altar, de fazer romarias e peregrinações, de ir pelo mundo a anunciar a boa-nova do seu regresso.
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