É fácil identificar a mudança de rumo no PSG. Deixou-se de estrelas feitas e, em muitos casos, com nenhuma relação com o clube. Focou-se em jovens que querem lançar a carreira, privilegiando jogadores franceses e ligados ao clube. Ainda que o sonho se mantenha, já não vive com a permanente exigência de que só a Champions salva a temporada. Independentemente do sucesso internacional desta época, as bases de futuro estão cimentadas, a equipa ganhou identidade e desfruta em campo
Há um objetivo desde 2011, altura em que o Catar passou a comandar os destinos do PSG. Muitos anos depois, continua a parecer inalcançável. Tudo foi feito desde então. Procurou treinadores vencedores (Ancelotti e Tuchel tiveram sucesso europeu ao serviço de outras equipas), juntou Messi, Neymar e Mbappé. Caiu em Lisboa contra o Bayern, permitiu ao Barcelona uma das maiores reviravoltas de sempre, somou desilusões contra adversários menos poderosos. Os deuses do futebol ainda não aceitaram as sugestões de Nasser Al-Khelaïfi e o único clube francês que venceu a Champions é o Marselha. Agora, o projeto mudou e deixa a sensação de que nunca teve tantas condições para chegar ao trono.
Isso não quer dizer que vá consegui-lo, por certo. Está em desvantagem na eliminatória com o Liverpool, em mais um jogo mirabolante no Parque dos Príncipes. Falta sempre qualquer coisa nas áreas, onde se ganha eliminatórias. Se fosse caso isolado, justificávamos com a falta de sorte. Alisson brilhou como nunca. Ainda assim, não dá para desprezar o amasso futebolístico aplicado ao Liverpool, líder da fase inicial da competição e da Premier League. Luis Enrique construiu um coletivo com uma pressão pós-perda de loucos, recuperando pelos médios e bloqueando todas as referências do adversário (Nuno Mendes não deixou Salah atacar). Defende como uma equipa, sem a necessidade de jogar em função das estrelas.
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