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Opinião

O repentismo de Rodrigo Mora

Talento é talento, génio é génio, seja num ameno sábado à noite num estádio em Rio Maior, seja num palco lendário, num Wembley ou num Bernabéu. O que poderá o FC Porto fazer com o génio de Rodrigo Mora? Não há trabalho, não há carga de treino, que ensine alguém a fazer o que ele faz

Os dezassete anos de Rodrigo Mora são um escândalo. Este miúdo ainda é menor de idade. Se cometesse um crime ia para um reformatório (ainda existem reformatórios?). Na semana passada eu dizia que ele passou o jogo com ar neorrealista de ladrão de bicicletas. No sábado, depois de marcar um golo extraordinário, ensaiou uma pose imperial, o rosto severo, imóvel, como se dissesse “aproveitem e eternizem-me em mármore.” Contudo, o eterno acontecera pouco antes, o eterno móvel e fugidio do génio. Aquele movimento de bailado, baryshnikoviano, não dá para eternizar em pedra, nem guardar num frasco. É para ser revivido na memória até ao fim dos tempos.

Calma, dirão os céticos. Foi só um bom golo em Rio Maior, contra o Casa Pia. É verdade. No último Europeu, Lamine Yamal tirou milagres da cartola com uma facilidade impressionante e mostrou que há uma diferença entre seres semi-divinos e meros ilusionistas. Mas o tempo de Rodrigo Mora nos maiores palcos não tardará. E talento é talento, génio é génio, seja num ameno sábado à noite num estádio em Rio Maior, seja num palco lendário, num Wembley ou num Bernabéu.

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