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Opinião

Contra os milagres da Quaresma

O Benfica foi de mais a menos. O Sporting foi de muito menos a mais. O Benfica acabou o jogo a rezar pelo apito. O Sporting acabou o jogo em modo rave, numa orgia coletiva que apagou tudo o que ficou para trás. Porque é que os deuses haveriam de operar o milagre de último minuto de Quaresma se planeassem entregar o título ao Benfica na semana seguinte? Não é um pensamento ridículo, não. Quando chegamos aqui nesta situação indefinida, astrologia é ciência e macumba é tática

Campeonatos disputados até à última jornada são como os golos no fim do jogo: um prazer incomensurável quando se ganha, uma tortura indizível quando se sofre. Nenhum adepto do Porto trocaria o campeonato do Kelvin por uma conquista tranquila e burocrática a quatro ou cinco jornadas do fim. Do sofrimento e da incerteza das semanas anteriores ninguém se lembra. Só contam o delírio e a explosão, o enorme bang! de alegria. Do outro lado, qualquer benfiquista preferia ter perdido o campeonato semanas antes a ter de reviver aquele golpe cruel de um título entregue quando já nada se podia fazer. O ruído do Dragão continua a ecoar na cabeça.

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