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Opinião

Honrai agora

Quem se candidata à presidência do Benfica enfrenta sempre uma grande dificuldade: criticar a direção e o presidente é entendido como “dizer mal do Benfica”. Essa ideia é absurda, evidentemente. Criticar o Governo de Portugal não é “dizer mal de Portugal”. É, aliás, um gesto bastante patriótico. É assim que se avança. Conformar-se com um Benfica que ganha muito menos do que devia é que é dizer mal do Benfica

Foi por volta de 1928. Um homem que costumava escrever sobretudo textos humorísticos confrontava-se com o problema de compor um poema – um trabalho muito diferente daqueles a que estava habituado. Felizmente, tratava-se de um homem extraordinário. Trinta e dois anos mais tarde, a 6 de Janeiro de 1960, o Diário de Lisboa daria a notícia da sua morte, lembrando que o homem tinha obtido “alguns dos mais estrondosos êxitos do teatro cómico”, mas também tinha sido muito bem-sucedido na prática de vários desportos, tendo feito “parte da representação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920, e de Paris, em 1924”, na modalidade de tiro. O jornal referia ainda que o homem tinha sido “fundador do popular clube desportivo Sport Lisboa e Benfica”, do qual tinha sido presidente em 1916 e em 1945. O homem chamava-se Félix Bermudes e, naquele dia de 1928, estava ocupado a conceber um hino para o clube que tinha ajudado a fundar. O refrão dessa canção, que já foi o hino oficial do Benfica, diz: “Avante, avante p’lo Benfica, / Que uma aura triunfante Glorifica! / E vós, ó rapazes, com fogo sagrado, / Honrai agora os ases / Que nos honraram o passado!”

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