O desaparecimento do bigode é um dos grandes mistérios sócio-futebolísticos do final dos anos 80. O bigode era místico, o bigode era a mística. Sim, Nené não tinha bigode, Diamantino não tinha bigode, Damas não tinha bigode, Gomes não tinha bigode, mas o bigode era fundamental. Não era apenas um adereço. Era a essência manifestada num traço. Não havia Bento sem bigode. Sem bigode, o mais mítico dos guarda-redes do Benfica não voaria da mesma maneira. E Chalana, claro. Cada finta do Chalana era assinada pelo bigode. Estes bigodes eram como a franja de Beatriz Costa, a careca de Yul Brynner, o chapéu de Clint Eastwood (Sergio Leone dizia que o repertório do ator se resumia a duas expressões: com e sem chapéu). E, para mim, não havia bigode mais bigode de todos, o de Carlos Manuel, uma bigodaça portuguesa. Sem bigode, não haveria o remate de Estugarda, não haveria Saltillo, nem Jorge Plácido a marcar dois golos a Malta num jogo da seleção na Madeira.
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